Após atingir menor cota da história, nível do Rio Negro diminui mais 10 cm

Seca no Lado do Aleixo, em Manaus. (26.set.23 - Ricardo Oliveira/Revista Cenarium Amazônia)

17 de outubro de 2023

13:10

Marcela Leiros – Da Agência Amazônia

MANAUS (AM) – O nível do Rio Negro, no Amazonas, reduziu mais 10 centímetros (cm) mesmo após ter atingido a menor cota da história nessa segunda-feira, 16, de 13,59 metros. Nesta terça-feira, 17, o Negro atingiu 13,49 metros, o nível mais baixo da medição realizada pelo Porto de Manaus, que teve início em 1902.

Anteriormente a essas cotas, o Rio Negro havia atingido o menor nível em 2010, ao registrar 13,63 metros. Desde domingo, o rio já diminuiu 20 centímetros, sendo menos 10 centímetros na segunda-feira e menos 10 centímetros nesta terça. A tendência é que demore mais 30 dias para sair da cota considerada crítica, de acordo com a Defesa Civil do Amazonas.

Até as 14h desta segunda, dos 62 municípios, 50 municípios estavam em situação de emergência, dez cidades em alerta, nenhum em atenção e dois em normalidade. Segundo o boletim do Governo do Amazonas, o Estado tem 557 mil pessoas afetadas até o momento pela seca severa, ou 138 mil famílias.

No dia 29 de setembro, o governador Wilson Lima também decretou situação de emergência em 55 municípios do Amazonas afetados pela seca severa que atinge o Estado.

El Niño

Conforme mostrou a REVISTA CENARIUM AMAZÔNIA, a seca fora do comum nos rios da Amazônia tem relação com o fenômeno El Niño e o aquecimento do Atlântico Norte, tornando a situação ainda mais crítica. Foram confirmadas as previsões da Defesa Civil e do Serviço Geológico do Brasil (SGB) de que o ápice da estiagem ocorreria na segunda quinzena de outubro.

À reportagem, o meteorologista do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) Renato Senna apontou que mesmo com as chuvas registradas nos últimos dias na capital amazonense, o período chuvoso ainda não chegou oficialmente. A previsão é que as chuvas se intensifiquem somente no fim deste mês.

“O rio deve permanecer ainda baixando por mais alguns dias, pois, será necessário que as chuvas ocorram com maior frequência, principalmente nas principais bacias formadoras dos Rios Negro e Solimões”, explicou.

Embora ainda não sejam suficientes para conter a vazante dos rios, as chuvas ajudam a conter focos de incêndios e amenizar a nuvem de fumaça que pairava sobre Manaus e outros municípios da região Metropolitana. Este índice chegou a atingir níveis críticos na última semana levando a qualidade do ar para a segunda pior do mundo.

Qualidade do ar em Manaus. (Reprodução/Aiqcn)

Por conta do El Niño, a previsão é que, neste ano, o “inverno” seja menos rigoroso. A expectativa é que as chuvas fiquem mais intensas no fim do mês de outubro.

“Espera-se que as chuvas comecem a se regularizar mais para o final do mês, com chuvas mais frequentes e por maiores períodos de tempo, conforme esperado pela climatologia. No entanto, ainda persiste a ocorrência do fenômeno El Niño nas águas superficiais do Oceano Pacífico, que poderá reduzir tanto a frequência quanto o volume das chuvas em nossa região”, explica.

Precipitação acumulada dos últimos três dias (Reprodução: Inmet)