Belém 408 anos: capital mantém história, cultura e tradição dos povos originários

Imagem de dança tradicional de origem indígena, o carimbó (Divulgação/UFPEL)

12 de janeiro de 2024

18:01

Yuri Siqueira – Da Agência Cenarium Amazônia

MANAUS (AM) – Cidade das mangueiras, cidade morena, metrópole da Amazônia. Esses são alguns dos conhecidos apelidos de Belém, cidade do Norte do Brasil, situada às margens da Foz do Rio Amazonas e capital do Estado do Pará. A região, que era habitada por indígenas da etnia Tupinambá, recebeu uma expedição portuguesa que desembarcou no dia 12 de janeiro de 1616 para ocupar o território e fundar a cidade de Belém.

Nesta sexta-feira, 12, completando 408 anos, a capital do Pará se destaca pelas belas paisagens, pontos turísticos históricos, cultura singular, danças e ritmos tradicionais e por uma culinária única, rica em temperos exóticos.

Uma das principais atrações turísticas de Belém, o Mercado Ver-o-Peso (Oswaldo Forte/Agência Belém)

De acordo com o historiador Márcio Neco, a cidade preserva as heranças das ancestralidades tupinambás e portuguesas, e sua história influencia até hoje os costumes e comportamentos dos belenenses.

“Dos tupinambás, herdamos os costumes de dormir na rede e a culinária que, no decorrer do tempo, sofre pequenas interações dos portugueses. Os ritmos, a história do carimbó, a origem e, sobretudo, a maneira de tratarmos as pessoas, a receptividade, são aspectos culturais dos Tupinambás. Os portugueses contribuíram com o que temos de mais significativo na nossa identidade, que é a nossa religiosidade, a devoção por Nossa Senhora de Nazaré. Todo esse mosaico cultural que forma a cidade de Belém é considerado uma joia preciosa”, afirmou.

O historiador relata que os aspectos históricos ainda resistem nos tempos atuais, garantindo as tradições culturais ao longo desses mais de quatro séculos. Costumes como tomar tacacá em um calor escaldante, comer pupunha com café, ouvir e dançar brega e carimbó, além das frases, palavras e linguagens formam uma identidade singular que permite fazer o belenense reconhecido em qualquer outro lugar.

“Belém tem muitos elementos que resistem, alguns estão materializados no nosso patrimônio histórico. O próprio Círio, uma festa com mais de 230 anos, consegue resistir. É uma festa religiosa abraçada por todos, por todas as linhas ideológicas e por todas as religiões”, continuou o historiador.

Os pontos turísticos da cidade encantam visitantes e os próprios moradores que residem em Belém. O mercado Ver-o-Peso é um exemplo. Considerada a maior feira ao ar livre da América Latina, é um dos espaços mais procurados por turistas. Além disso, a feira livre também gera renda e movimenta a economia da região.

Feirante exibe produtos afrodisíacos vendidos no mercado Ver-o-Peso (Carlos Borges/Divulgação)

Marilene Assunção nasceu e se criou em Belém do Pará, é amante da culinária típica da região, mas sua verdadeira paixão são os pontos turísticos da cidade e os festivais culturais que acontecem de forma anual e são celebrados pelas principais ruas da metrópole da Amazônia.

“Eu costumo sempre passear pelos pontos turísticos, como a Praça da República, principalmente aos domingos, no Mangal das Garças e outros pontos que também são históricos. Eu sou apaixonada pelo Arraial do Pavulagem, todos os finais de semana de junho eu estou lá. Essas festas mexem com nossas emoções. É momento de alegria, cultura e tradição e isso a gente só encontra aqui em Belém do Pará”, comentou.

A cidade que se prepara para a COP30, que acontecerá em 2025, tem muitas mazelas para combater. As principais problemáticas enfrentadas são referentes ao saneamento básico, sujeira das ruas e déficit habitacional. Na perspectiva do historiador Márcio, no processo de urbanização, muitos desafios surgiram, mas para projetar um futuro brilhante para a capital paraense é necessário não cometer os erros do passado e seguir em frente.

“Agora, Belém recuperou sua autoestima. As perspectivas para a realização da COP30 são as melhores possíveis. Não só pelo evento em si, mas pelo legado que ele pode nos deixar. Nesse momento, é olhar para a história de Belém e construir o futuro, construir a nova história, e deixar legados não só em obras, mas também na educação ambiental do povo, de como a cidade trata seu lixo, como vai tratar o abandono dos animais, a poluição dos canais”, destacou o historiador.

Imagem da romaria do Círio de Nazaré, tradição religiosa católica que se repete anualmente (Reprodução)
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Editado por Jefferson Ramos
Revisado por Adriana Gonzaga