Bolsa atleta irá contemplar desportistas grávidas e atletas mães

O 'Bolsa Atleta' passa a contemplar centenas de desportistas mulheres que não terão mais barreiras burocráticas para continuar praticando suas profissões (Reprodução/Arquivo Pessoal)

15 de março de 2023

21:03

Mencius Melo – Da Agência Amazônia

MANAUS – Programa destinado ao esporte de alto desempenho, o “Bolsa Atleta”, do governo federal, passará a contemplar bolsistas grávidas e no puerpério. O Projeto de Lei (PL) assinado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), na última semana, está entre as medidas voltadas a assegurar direitos das mulheres no mês que simboliza a luta por igualdade de gênero em todas as categorias e profissões. O “Bolsa Atleta” paga, atualmente, de R$ 370 a R$ 3.100 para as competidoras.

Francione Moura correndo, aos três meses de gravidez, junto ao esposo, em uma competição em Manaus. Para ela, o ‘Bolsa Atleta’ pode ajudar muitas desportistas mães (Reprodução/Arquivo Pessoal)

Para a boxeadora amazonense Sandra Garcia Ramos, mãe da pequena Maria Alice, a proposta é necessária para todas as mulheres praticantes do esporte de alto desempenho. “Com certeza, é um apoio muito grande, porque é muito difícil se manter treinado, devido à gravidez. Com a chegada do bebê, eu tive que parar, totalmente, de competir, então, essa bolsa com esse benefício já seria de grande ajuda”, declarou a atleta.

A desportista amazonense, que é bicampeã brasileira de boxe, relatou as dificuldades da gravidez e o nascimento de Maria Alice. “A maior dificuldade foi ter que parar de dar aula para conseguir cuidar da minha filha, porque, durante a gravidez, eu consegui treinar e continuar a prática do boxe, até os nove meses, e isso fez muito bem para a minha saúde e a saúde da minha bebê”, detalhou Sandra Garcia.

Atleta mãe

Após o nascimento, veio uma segunda fase de barreiras que a atleta mãe precisou superar para continuar no esporte e, para isso, ela contou com uma rede de apoio. “Quando a bebê nasceu, minha sogra me ajudou por um período, depois meu marido também passou a se dedicar, e isso me ajuda muito”, afirmou Sandra. Com a filha, que tem idade de 1 ano e dois meses, agora, há uma certa folga para se planejar. “Estamos nos organizando para treinar mais pesado que o objetivo e ir ao campeonato brasileiro, em agosto, e, claro que vou procurar o ‘Bolsa Atleta'”, adiantou.

A corredora amazonense Francione Moura também comemora a decisão do governo federal. “Corri grávida da minha filha até os quatro meses e não é fácil”, desabafou. Francione aponta que a gravidez é tratada com preconceito e como aposentadoria. “É muito difícil quando uma atleta engravida, porque muitos viram às costas para você e a maioria acha que você nunca mais vai voltar a correr em alto nível”, lamentou a atleta, que é mãe de Jhully Moura, de três anos.

Para a ministra do Esporte, Ana Moser, o projeto é mais que necessário. “A adequação do ‘Bolsa Atleta’ é uma ação importantíssima para proteger a atleta mãe, que precisa de suporte e proteção para que seus direitos sejam respeitados, a partir da licença no período necessário. É uma política importante para garantir que sua condição esportiva seja retomada sem prejuízo”, destacou a ministra.

A paraense Thais Odani nadou grávida de oito meses, em uma competição, em 2020 (Reprodução/Arquivo pessoal)

O ‘Bolsa…’

O “Bolsa Atleta” garante um repasse mensal de R$ 370 a R$ 3.100 para competidores do alto desempenho que conquistam resultados expressivos em competições nacionais e internacionais. A previsão é de que a lista de contemplados, em 2023, seja divulgada entre 11 e 15 de abril. Desde 2005, quando o “Bolsa Atleta” teve a primeira lista de beneficiários divulgada, 31.985 esportistas já receberam os recursos, por meio de 87.873 bolsas.