‘Bolsa Família’: benefício pode tirar até 3 milhões da pobreza

O novo Bolsa Família contempla crianças, mas impõe contrapartidas para que as famílias recebam o benefício de transferência de renda (Reprodução/Divulgação)

29 de março de 2023

21:03

Mencius Melo – Da Agência Amazônia

MANAUS – Cálculos do economista do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV), Daniel Duque, apontam que a nova versão do Bolsa Família deve ajudar a retirar até 3 milhões de pessoas da condição de extrema pobreza e de contribuir para ampliar a massa de renda disponível para as famílias em 2023. A Amazônia, segundo a economista Denise Kassama, por suas peculiaridades próprias, será impactada positivamente.

De acordo com informações do IBGE, no último trimestre de 2022 foi registrado o número de 12,4 milhões de pessoas na condição de extrema pobreza, com renda de até R$ 208 mensais por pessoa do núcleo familiar. Com as alterações do novo programa, 21,1 milhões de famílias passaram a receber um valor médio de R$ 670,33, valor maior injetado desde janeiro no programa. Em fevereiro, eram R$ 606,91. O pagamento do programa, em março, superou R$ 14 bilhões de investimento, um recorde na história do Bolsa Família. A previsão é de que o valor médio supere R$ 700 em junho.

Distribuição

Entre os Estados da Amazônia contemplados com o Bolsa Família até 2021, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no Amazonas eram 17,4% dos domicílios. No Acre, 17,3% dos domicílios, no Pará, 17,5%, no Amapá, 5,9%, no Tocantins, 11,1%, em Rondônia, 5,7% e, em Roraima, 8,0%. O período corresponde à gestão do então presidente Jair Bolsonaro (PL) e era chamado de “Auxílio Brasil”. Com a volta de Lula (PT) ao poder, o programa voltou a ser chamado pelo nome original “Bolsa Família”.

Na Amazônia, as grandes distâncias impõem um ritmo de vida em conformidade com o ciclo das águas, já que os rios são as estradas (Reprodução/Foto Natural)

A economista Denise Kassama fez uma leitura social sobre o tema: “É um comprometimento social que precisa ser mantido e, com isso, injetar recursos na economia, porque o programa tem o poder do efeito multiplicador. Estima-se que R$ 1 injetado na economia, pelo Bolsa Família, se multiplica em R$ 5 em matéria de renda”, explicou. “E com renda, o cidadão pode consumir e, com isso, fazer girar o mercado de consumo e, ao consumir, ele vai gerar empregos e rendas no setor primário, intermediário e, assim, sucessivamente”, analisou.

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Amazônia

A economista chamou atenção para as peculiaridades da região. “Para a nossa região, que é a Amazônia, isso é fundamental. Somos uma região com bolsões de imensa pobreza. Temos comunidades inteiras que não usam, sequer, dinheiro, trabalham com escambo, um sistema de trocas”, observou Kassama. “É bem-vindo esse programa, porque aqui temos muitas comunidades isoladas e as nossas realidades são muito diferentes de outras regiões, e até o deslocamento na Amazônia é diferente”, destacou.

Denise Kassama acredita que a proposta tem objetivo claro. “É um momento em que o País está fazendo um esforço concentrado para sair do mapa da fome e eu espero, sinceramente, que o governo tenha êxito nesse programa de transferência de renda que é muito importante”, desejou a economista. “Na minha opinião, combate à pobreza e à fome devem ser prioridade de qualquer governo”, finalizou.

O Bolsa Família versão 2023 inclui crianças como beneficiadas, mas impõe regramentos para que as famílias recebam o benefício social (Antônio Pereira/Semcom)

Contrapartidas

Redimensionado na nova gestão do terceiro mandato, do Governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o Bolsa Família é considerado um dos maiores programas de transferência de renda do mundo.

O programa social pede o cumprimento de regras. Exige frequência escolar para crianças e adolescentes entre 4 e 17 anos; acompanhamento pré-natal para gestantes; acompanhamento nutricional (peso e altura) das crianças até seis anos; e manutenção do caderno de vacinação atualizado.