Bolsonaristas tentam distorcer informação sobre bloqueio de verba das universidades; entenda

Pelo menos dois políticos do AM, dentre eles um deputado federal e uma deputada estadual eleitos pediram em postagens, na internet, que a população "não caia em fake news" (Divulgação/Redes Sociais)

06 de outubro de 2022

20:10

Com informações da redação

MANAUS – Políticos do Amazonas e aliados do candidato à reeleição para Presidência da República, Jair Bolsonaro (PL), tentam distorcer a informação sobre o novo bloqueio no orçamento de R$ 2,4 bilhões do Ministério da Educação (MEC) até dezembro. Alguns sites de notícias publicaram matérias chamando de fake news e acusando a informação sobre o bloqueio no MEC de “manchetes alarmantes” ou “sites esquerdistas”.

Universidades federais afirmaram na quarta-feira, 5, que o governo federal formalizou um bloqueio de recursos no Ministério da Educação, o que vai afetar as atividades. No Amazonas, a Universidade Federal do Amazonas (Ufam) e o Instituto Federal do Amazonas (Ifam) divulgaram nota informando que o embargo de verba para as instituições chega ao montante de R$ 9.061.882,72 milhões, sendo R$ 5.485.535,44 da Ufam e R$ 3.576.347,28 milhões do Ifam.

Além do Ifam e Ufam, outras unidades tiveram seus recursos bloqueados (Reprodução)

Tentam distorcer a informação

Pelo menos dois políticos do Amazonas, dentre eles um deputado federal e uma deputada estadual eleitos pediram em postagens, na internet, que a população “não caia em fake news”, ou dizendo que essa seria mais uma narrativa da “esquerda”.

(Reprodução/Redes Sociais)

“Vocês estão vendo como a esquerda tem a capacidade de manipular as pessoas por meio das fake news e de suas narrativas totalmente enganosas e distorcidas”, disse uma deputada estadual eleita nas Eleições 2022 pelo PL, mesmo partido de Bolsonaro.

(Reprodução/Redes Sociais)

Um site de notícias do Amazonas publicou matérias nesta quinta-feira, 6, chamando as publicações que tratam sobre o assunto de “sites de esquerda”. No texto do material, diz que são “afirmações tendenciosas e falsas”. A justificativa é que o bloqueio feito pelo governo federal se trata de uma “limitação de empenho e movimentação financeira, um procedimento comum na administração pública e previsto em lei”, diz a matéria intitulada “Manchetes alarmantes sobre confisco da educação realizado por Bolsonaro são falsas”.

(Reprodução)

O que dizem as intuições afetadas

A reitoria do Instituto Federal do Amazonas (Ifam) informou que esse dinheiro representa 5,8% do recurso disponível para 2022, do Ifam, e soma-se ao bloqueio realizado no primeiro semestre de 2022, de R$ 4,7 milhões. O que representa um total de R$ 8,3 milhões destinados, na maioria, à pesquisa e assistência estudantil.

“Ressaltamos que, com esse novo bloqueio, mais de 20 mil estudantes atendidos pelos 17 campi do Ifam, além dos Centros de Referência e do Polo de Inovação, correspondendo a 22 municípios do Amazonas, serão direta ou indiretamente atingidos”, afirma o órgão em nota.

O instituto ainda destacou que todas as ações de ensino, pesquisa, extensão e inovação estão em sintonia com a produção local desenvolvida no Estado, que vão desde os cursos FIC, técnico de nível médio, graduação e pós-graduação.

Leia a nota completa do Ifam:

Ufam

A Ufam já havia sofrido outro bloqueio de R$ 15 milhões em maio, quando o reitor Sylvio Puga e a vice-reitora Tereza Fraxe foram à Brasília tentar reverter o bloqueio no orçamento. De acordo com a universidade, esse dinheiro era parte essencial para o funcionamento da instituição.

“A Ufam reforça seu compromisso com as atividades finalísticas de Ensino, Pesquisa e Extensão e assegura que todas as ações e medidas serão tomadas pela Administração Superior, visando a manutenção do pleno funcionamento institucional”, afirma em nota.

De acordo com o edital publicado pelo Ifam, pelo menos 196 alunos foram incluídos no programa de assistência estudantil, nesse último semestre, além de outros 830 que tiveram o benefício renovado para o segundo semestre de 2022.

(Reprodução)

Posição do MEC

Nesta quinta-feira, 6, o ministro da Educação Victor Godoy negou que tenha havido um corte no orçamento das universidades e institutos federais. Pelas redes sociais, Godoy disse que não há por que falar que vai haver paralisação.

“O que houve foi um limite na movimentação financeira até dezembro. O que há é [que] você não pode empenhar tudo em novembro. Se a universidade precisar fazer um empenho acima do limite, ela vem aqui e vamos entrar em contato com o Ministério da Economia e vai ter o dinheiro”, informou.

Veja o discurso do ministro em coletiva de imprensa: