Casal é preso após deixar criança de quatro anos em estado vegetativo

Clayton Augusto Souza do Carmo e Beatriz Rodrigues Matos são procurados pela polícia (Fotos: Divulgação/PC-AM)

12 de abril de 2024

14:04

Marcela Leiros – Da Agência Cenarium*

MANAUS (AM) – O menino de 4 anos, torturado pela madrasta identificada como Beatriz Rodrigues Matos, de 29 anos, em Manaus no ano de 2022, está em estado vegetativo devido às sequelas das agressões. A mulher e o marido, Clayton Augusto Souza do Carmo, de 32 anos e pai biológico da criança, foram presos nesta quinta-feira, 11.

Clayton e Beatriz estavam foragidos da Justiça e foram presos em um ramal nas proximidades da rodovia AM-070, no município de Iranduba, a 27 quilômetros da capital amazonense. A prisão foi realizada por policiais da Delegacia Especializada em Proteção à Criança e ao Adolescente (Depca), da Polícia Civil do Amazonas (PC-AM).

O casal já havia sido preso no dia 15 de junho de 2022, durante a “Operação Acalento 1”, mas, após o término do período de prisão, passou a responder em liberdade. Em setembro daquele ano, a Justiça determinou a prisão preventiva de ambos, que não foram mais localizados pela polícia até esta quinta-feira.

Segundo a polícia, as agressões ocorriam enquanto o genitor estava ausente, mas foi identificada omissão por parte do pai biológico.

Entenda o caso

A delegada titular da Depca, Joyce Coelho, explicou que a investigação teve início em maio de 2022, após a mãe da criança registrar um boletim de ocorrência por maus-tratos. Segundo a denúncia, o menino contou à mãe, depois de passar o fim de semana na casa do pai, que a madrasta pisava na barriga dele e o agredia com cinto e ripa (um pedaço de madeira). A agressão era presenciada pelo irmão mais velho, de seis anos, que confirmou a violência.

Depois da primeira denúncia, o menino voltou a ficar na casa do pai, onde as agressões recomeçaram e se intensificaram. “Essa criança retornou em junho para ficar novamente na casa do genitor e nesse período aconteceu o primeiro episódio grave, que culminou com a entrada da criança na UTI e tendo como consequências lesões gravíssimas”, disse a delegada.

“[A madrasta] disse que a criança tinha engolido uma moeda de um real e tinha expelido a moeda com muito sangue. Ela chamou o genitor, chegaram a levá-la ao pronto-socorro, mas ao chegarem lá relataram que a criança já havia expelido a moeda e a levaram de volta para casa”, explicou.

A primeira ida ao hospital não foi informada à mãe biológica da criança, que não tomou conhecimento do que ocorria. Quando a criança foi levada novamente ao hospital pelo casal, dias após a primeira vez, já chegou ao local com parada respiratória e hematomas pelo corpo.

Do que sabemos da investigação, a partir desse momento, a criança, quando foi reanimada dessa parada cardiorrespiratória, já foi entubada e ficou na UTI. No dia 14, recebemos o primeiro boletim com a notícia de que o socorro tinha demorado; ela estava somente com a criança naquele momento, e haviam retirado um objeto das vias respiratórias da criança, equivalente a uma tampa de pasta de dente. Tinha hematomas por várias partes do corpo e uma lesão na região do pênis, e não havia explicação coerente para as lesões”, disse a delegada.

Após o recebimento do boletim, a Depca pediu a prisão temporária do casal por tortura, e eles ficaram presos por 30 dias, sendo liberados pela Justiça posteriormente. O inquérito policial foi concluído no dia 8 de julho, com pedido de indiciamento de ambos pelo crime de tortura com agravante da lesão grave.

O Ministério Público pediu a prisão preventiva de Clayton e Beatriz em setembro de 2023, mas o casal não foi localizado até esta quinta-feira. Agora, ambos estão à disposição da Justiça.

(*) Com informações da Polícia Civil do Amazonas