Comentada por Haddad, ‘extinção’ do IPI causa apreensão em políticos do Amazonas nas redes sociais

Caso seja implementada, medida vai colocar em risco permanência de empresas do Polo Industrial de Manaus (Ricardo Oliveira/CENARIUM)

17 de janeiro de 2023

20:01

Daniel Amorim – Da Agência Amazônia

MANAUS – A confirmação do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, de que o governo federal não pretende revogar a redução do Imposto sobre Produtos Importados (IPI), causou apreensão entre parlamentares e figuras do cenário político amazonense nas redes sociais. Caso a medida seja implementada, o modelo de isenções fiscais que contempla o Polo Industrial de Manaus (PIM) deve ser revertido, nivelando o status das empresas locais às do restante do País, reduzindo assim a competitividade e colocando em risco a permanência de indústrias no Estado do Amazonas.

A proposta já havia sido anunciada pelo vice-presidente Geraldo Alckmin, titular do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, como parte da reforma tributária planejada pelo Governo Lula. Conforme a publicação do Jornal Folha de São Paulo desta terça-feira, 17, ao ser questionado sobre a fala de Alckmin de que “a próxima meta é acabar com o IPI“, por conta da reforma tributária, Haddad ressaltou que a decisão da não reoneração do imposto é, justamente, para sinalizar à indústria o desejo do reordenamento do arranjo fiscal brasileiro.

Repercussão

Para o líder do MDB no Senado, Eduardo Braga, a manutenção do IPI “é de extrema importância para garantirmos as vantagens comparativas do modelo e os empregos por ele gerados (…) Contamos com o compromisso firmado ainda durante a campanha eleitoral, pelo presidente Lula e o vice-presidente Geraldo Alckmin, com a preservação da ZFM, da economia do Amazonas e dos postos de trabalho dos amazonenses“, escreveu, no Twitter, o ex-ministro das Minas e Energia do segundo mandato de Dilma Rousseff (2014-2016).

Ex-ministro de Minas e Energia do segundo mandato de Dilma Rousseff (2014-2016), senador Eduardo Braga comentou a decisão do governo federal (Reprodução/Twitter)

O ex-prefeito de Manaus, Arthur Virgílio Neto, afirmou que Alckmin “não sabe o que é esse exitoso modelo de desenvolvimento regional, já que Sudam, Sudene, etc, fracassaram redondamente“, referindo-se às superintendências recriadas em 2007 para incentivar o desenvolvimento do Nordeste e da Amazônia Legal.

Arthur contestou, ainda, a hipótese de que a criação de um imposto unificado, que inclui o IPI, a exemplo do Imposto sobre Valor Agregado (IVA), deve funcionar como salvaguarda do modelo ZFM. E alertou: “Conheço bem o alpinista Geraldo Alckmin. Lula que se cuide. O cargo de vice isso ou vice aquilo é maldito“.

O ex-prefeito de Manaus, Arthur Virgílio Neto, também se pronunciou sobre o assunto (Reprodução/Twitter)

Efeito protetor

Já o vereador Amom Mandel (sem partido), que assume o cargo de deputado federal pelo Amazonas em fevereiro, sugeriu, também, por meio do Twitter, que Alckmin conheça, pessoalmente, os benefícios da ZFM. “Convido @geraldoalckmin para uma visita às indústrias do Amazonas e conversa com especialistas em meio ambiente que podem explicar o efeito protetor do modelo. Espero que os representantes do nosso povo não sejam excluídos dos debates“.

Amom Mandel, deputado federal eleito pelo Amazonas (sem partido) (Reprodução/Twitter)

No sábado, a CENARIUM divulgou, com exclusividade, que o ministro tem agenda marcada para Manaus no fim deste mês. A proteção da ZFM na execução do projeto de reforma tributária será uma das pautas abordadas em reunião.

O mesmo governo que afirmou proteger o Amazonas e recebeu votos de confiança de muitos amazonenses é o mesmo que anuncia plano que prejudica a Zona Franca de Manaus e a nossa gente”, escreveu o deputado estadual Delegado Péricles (PL), apoiador do ex-presidente Jair Bolsonaro, em cujo mandato foram expedidos vários decretos determinando a redução do IPI. As medidas causaram intensa mobilização por parte de políticos de oposição e especialistas.

O deputado estadual Delegado Péricles (PL) criticou o atual governo (Reprodução/Twitter)