Cotado para o Ibama, Alexandre Saraiva diz que está à disposição do Governo Lula

Alexandre Saraiva, delegado da Polícia Federal (Evandro Freitas/ Jornal Folha de Aço)

03 de novembro de 2022

20:11

Gabriel Abreu – Da AGÊNCIA AMAZÔNIA

MANAUS – O ex-superintendente da Polícia Federal do Amazonas e delegado federal Alexandre Saraiva afirmou, à AGÊNCIA AMAZÔNIA, que se convidado pelo Governo Lula aceitaria coordenar o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Ele é um dos cotados para assumir a pasta. Na entrevista exclusiva, ele se diz esperançoso em relação às pautas de meio ambiente, após o período que chamou de “hecatombe ambiental” na gestão Salles-Bolsonaro.

O delegado federal sofreu retaliação após apresentar uma queixa-crime contra o ex-ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles de interferir e obstruir investigação da Operação ‘Handronthus GLO’. Seis dias após a apresentação da queixa contra Salles, o governo federal trocou a Superintendência da Polícia Federal no Amazonas; na ocasião, o delegado Leandro Almada da Costa substituiu Saraiva. Atualmente, Saraiva atua na Polícia Federal, em Volta Redonda, no Rio de Janeiro.

Delegado federal Alexandre Saraiva (Reprodução/TV Globo)

Durante a gestão de Jair Bolsonaro (PL), os órgãos de fiscalização como Ibama, ICMBio, Polícia Federal e Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) sofreram com a falta de recursos e críticas de ambientalistas por conta do desmantelamento desses órgãos. Questionado se aceitaria coordenar o Ibama, Saraiva respondeu: “Em toda minha carreira como servidor público, nunca recusei missões em prol do meu País e, especialmente, da Amazônia. Sou um soldado à disposição dos meus comandantes”, afirmou o delegado.

Combate aos crimes

Ao longo da gestão Bolsonaro, a Amazônia foi alvo constante de crimes ambientais, como o caso de repercussão mundial após o assassinato do indigenista Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips, mortos na região da Terra Indígena do Vale do Javari, distante 1.136 quilômetros de Manaus. Durante as investigações, depoimentos feitos pela PF mostram que na região atua um esquema de pesca ilegal. O delegado que já atuou no Amazonas defende um trabalho coordenado das forças para coibir os crimes ambientais na região.

“Para fazer cessar o caos que foi instalado na Amazônia pelo Governo Bolsonaro, serão necessárias medidas emergenciais. Ressuscitar o Ibama e a área ambiental da PF desmontados pelo governo atual. Acrescentaria ainda nesta lista o combate à caça ilegal, o comércio de carne de animais silvestres abatidos ilegalmente, o comércio ilegal de quelônios e a pesca ilegal de pirarucu, pois estas atividades estão colocando em risco grave nossa biodiversidade e, bem assim, podem colocar a humanidade em contato com um novo vírus, ainda desconhecido, com consequências que podem ser catastróficas”, afirmou o delegado.

Saraiva disse, ainda, que está esperançoso com o novo governo e com a nova política ambiental, que vai precisar desenvolver novas ferramentas de combate aos crimes ambientais para preservar a Amazônia.

“É preciso um trabalho coordenado interagências, mas que não pode ser baseado em ações pontuais, é preciso demonstrar a presença do Estado. Podemos fazer isso com a tecnologia e a expertise já existente. Estou muito esperançoso que depois desta hecatombe ambiental, que foi a gestão Salles-Bolsonaro, que dias melhores virão para a Amazônia”, destacou.

Ministério do Meio Ambiente

Nos próximos dias, o presidente eleito, Lula, deve anunciar o novo ministro do Meio Ambiente, e um dos nomes mais cotados para assumir a pasta é o da deputada federal eleita por São Paulo Marina Silva, da Rede. Ao ser questionado se o nome da ex-ministra é um dos ideais para o novo desafio, o delegado destacou que não existe um nome melhor.

“Marina Silva é nosso maior expoente em meio ambiente. Seu nome tem reconhecimento internacional, e sua eventual nomeação para o cargo já passa um importante recado à sociedade brasileira e à comunidade internacional de que a Amazônia será levada a sério. Tenho profunda admiração por ela. Acho que não existe nome melhor”, finalizou Saraiva.