Delegado e investigador são presos por favorecimento a garimpeiros em Mato Grosso

O delegado Geordan Fontenelle e o investigador Marcos Paulo Angeli (Composição de Paulo Dutra/Agência Cenarium)

17 de abril de 2024

22:04

Davi Vittorazzi — Da Agência Cenarium

CUIABÁ (MT) – O delegado da Polícia Civil de Mato Grosso (PC-MTGeordan Fontenelle e o investigador Marcos Paulo Angeli, que trabalham na delegacia de Peixoto de Azevedo (a 691 quilômetros de Cuiabá), foram presos preventivamente nesta quarta-feira, 17, durante a Operação Diaphthora, da Corregedoria da PC-MT. Ambos integravam um “gabinete do crime” que favorecia garimpeiros da região em troca de dinheiro, segundo a investigação.

Ao todo, a Operação Diaphthora cumpriu 12 ordens judiciais. Foram dois mandados de prisão preventiva, sete de busca e apreensão e três medidas cautelares. A reportagem tenta contato com a defesa dos alvos.

Além do delegado, investigador e garimpeiros, um advogado, que não teve nome divulgado, também atuava na organização. O grupo é investigado pelos crimes de corrupção passiva, associação criminosa e advocacia administrativa.

Alvos atuavam na Delegacia de Peixoto de Azevedo (Reprodução/PJC-MT)

O delegado Geordan Fontenelle estava ainda no estágio probatório na PC-MT, que encerraria este ano. Já o investigador Marcos Paulo Angeli atuava há mais de 20 anos no órgão.

Investigação

O Núcleo de Inteligência da Corregedoria Geral começou a investigação após receber denúncias do envolvimento de policiais civis que integravam uma associação criminosa, que oferecia vantagens ilegais para garimpeiros.

As apurações apontaram que o delegado e o investigador pediam pagamento em dinheiro para liberação de bens apreendidos, exigiam pagamento de “diárias” para hospedagem de presos no alojamento da delegacia e, ainda, pagamentos mensais sob a condição de decidir sobre procedimentos criminais em trâmite na delegacia.

Conforme apontou a investigação, os garimpeiros pediam a liberação de veículos e realocação de presos em alojamentos. O inquérito e o processo estão sob sigilo.

O nome da operação “Diaphthora” é uma referência grega ao termo corrupção, que tem significado semelhante a um organismo vivo que entra no corpo humano e destrói seus órgãos. A relação é uma analogia ao crime dos policiais civis com a instituição que atuavam.

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Editado por Adrisa De Góes