Desmatamento deixa igarapé Água Branca sujo de barro

A água limpa do Igarapé Água Branco ficou tomada por barro. (Reprodução/Instagram @aguabranca_)

14 de março de 2024

14:03

Marcela Leiros – Da Agênci Cenarium

MANAUS (AM) – Localizado no bairro Tarumã, Zona Oeste de Manaus, e considerado o último igarapé limpo da cidade, o Água Branca tem sofrido com o desmatamento, que causa a poluição do curso d’água e traz riscos de impactos irreversíveis, como o assoreamento. O alerta foi feito pelo presidente da Organização Não Governamental (ING) Mata Viva, Jó Fernandes Farah, um dos responsáveis pela preservação do igarapé Água Branca.

O Água Branca fica localizado no bairro Tarumã, Zona Oeste de Manaus. (Ricardo Oliveira/Revista Cenarium)

Segundo Farah, o igarapé tem sofrido impactos de empresas como a Oliveira Energia, que tem lançado “toneladas de barro no leito do Igarapé“. A Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Sustentabilidade  (Semmas) foi acionada. A reportagem questionou sobre as medidas tomadas acerca da denúncia, e aguarda retorno.

“Chuva fraca, a água não deveria estar dessa cor. A água deveria estar bem clarinha, bem transparente, mas olha o resultado. Isso aqui é o desmatamento que foi feito lá na nascente, que nós já pedimos à Semmas para que o proprietário mitigue os danos, retire o barro da nascente, para que faça uma contenção para que o barro não continue caindo para dentro, mas parece que até o momento nada foi feito”, disse Farah em um vídeo publicado no Instagram.

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Veja o vídeo:

Igarapé Água Branca fica tomado de barro. (Reprodução/Instagram @aguabranca_)

Nas imagens, é possível ver que a água — antes límpida, conforme mostrou a REVISTA CENARIUM na reportagem “Água Branca: último igarapé limpo de Manaus resiste ao avanço da urbanização“, ganhadora do Prêmio Águas de Manaus de Jornalismo Ambiental — está na cor barrenta.

Outro problema muito grande é o desmatamento que tem ao lado da empresa Oliveira Energia, que também já foi embargada. Também já pedimos para que o proprietário mitigue os danos porque desmatou até dentro da nascente“, disse. “Se continuar descendo essa quantidade de barro, agora que o período de chuva está chegando, o igarapé vai ficar assoreado completamente

As águas do igarapé nascem no terreno do Aeroporto Internacional de Manaus e desaguam no Igarapé Tarumã-Açu (Ricardo Oliveira/Revista Cenarium)
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Preservação

CENARIUM mostrou que o igarapé Água Branca é uma das nascentes que formam o Igarapé Tarumã-Açu. Jó Farah é dono do terreno por onde o pequeno rio deságua e cuida de inúmeras micronascentes no local há mais de 20 anos. 

O igarapé, que nasce nas matas protegidas do Aeroporto Eduardo Gomes e vai até a Cachoeira Alta, no Tarumã, tem mais de 7 km de extensão e faz parte da lista de Áreas de Preservação Permanente (APPs) que, segundo o Novo Código Florestal Brasileiro, Lei n.º 12.651/12, são áreas protegidas que buscam preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica, a biodiversidade, proteção do solo e assegurar o bem-estar das populações humanas que vivem no entorno.

Natural de regiões mais ao Norte do Amazonas, o Cardinal é criado dentro da APP do Igarapé (Ricardo Oliveira/Revista Cenarium)
Revisado por Gustavo Gilona