Desmatamento é causa de crise climática que afeta o Brasil, afirma Marina em Manaus

Marina Silva durante comitiva ministerial no Amazonas (Alex Pazzuelo/Secom)

05 de outubro de 2023

00:10

Yana Lima – Da Agência Cenarium Amazônia

MANAUS (AM) – A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, enfatizou a importância de combater o desmatamento como uma resposta à estiagem que afeta o Amazonas. A declaração foi feita durante a visita da comitiva ministerial à região.

Além do Amazonas, também sofrem com a estiagem Rondônia e Acre. Cerca de 500 mil pessoas na região foram afetadas. A viagem ocorreu a pedido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que se recupera de uma cirurgia no quadril. 

Marina Silva destacou que o Brasil enfrenta dois fenômenos distintos: o El Niño, um fenômeno natural, e as mudanças climáticas, que ocorrem de maneira descontrolada, incluindo o aquecimento do Atlântico Norte. Essa combinação resultou, no início do ano, em enchentes no Amazonas e no Acre, seguido por secas na região sul do Brasil, culminando em um efeito inverso no decorrer do ano.

“Esse fenômeno vem sendo antecipado desde a década de 80, quando nosso relatório disse que isso iria acontecer. Na Rio 92, a mesma coisa. Por isso, temos trabalhado incansavelmente para reduzir as causas da mudança de clima, que é a emissão de dióxido de carbono (CO2) por combustível fóssil ou por desmatamento“, disse.

Comitiva ministerial em visita a comunidades ribeirinhas da região metropolitana de Manaus (Alex Pazzuelo/Secom)

Marina afirma que, no primeiro Governo Lula, o Brasil teve uma redução do desmatamento em 83%, evitando o lançamento de 5 bilhões de toneladas de CO² na atmosfera. “Essa foi a maior contribuição já dada até hoje para que isso tudo que está acontecendo não se agravasse ainda mais“, afirma.

Ela afirma ainda que mesmo com os desafios enfrentados pela agenda ambiental no Governo Bolsonaro, o atual governo já reduziu 48% do desmatamento até setembro, sendo 64% de redução no Amazonas.

BR-319

Questionada sobre um suposto entrave do governo federal à pavimentação da BR-319, Marina Silva refutou críticas e afirmou que “o Ibama nem facilita nem dificulta, ele responde a aspectos técnicos, à luz dos estudos de impacto ambiental”.

Ela afirma que esta construção é uma empreitada complexa e que o processo de licenciamento ambiental precisa responder a três questões centrais: viabilidade econômica, ambiental e social.

“O Ibama, no governo anterior, deu licença prévia. Se fosse algo fácil de se fazer, talvez tivesse sido feito nos 15 anos em que estive longe do ministério”, rebateu.

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Comitiva

A comitiva ministerial chegou a Manaus por volta das 10h e foi visitar áreas afetadas pela seca, como o porto da capital amazonense.

Entre as iniciativas anunciadas estão a realização de duas obras de dragagem, uma no Rio Solimões e outra no Rio Madeira, para recuperar a capacidade de navegação de ambos.

O governo também estuda liberar o seguro-defeso aos pescadores pelo período em que foram prejudicados.

De acordo com informações da vice-presidência, participam da comitiva a Manaus os ministros Marina Silva (Meio Ambiente e Mudança do Clima), Sonia Guajajara (Povos Indígenas), Waldez Góes (Integração e Desenvolvimento Regional), Silvio Costa Filho (Portos e Aeroportos), Alexandre Silveira (Minas e Energia), José Mucio Monteiro (Defesa) e a secretária-executiva do Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Fernanda Machiaveli, além de representantes dos ministérios da Saúde, Desenvolvimento Social, Secretaria de Relações Institucionais (SRI) e Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (Dnit).

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Editado por Jefferson Ramos
Revisado por Adriana Gonzaga