Dia das Mães: maternidade impulsiona empreendedorismo feminino

Adriana Guerreiro e o filho, Pedro Fernandes, de 9 anos (Ricardo Oliveira/Agência Amazônia)

14 de maio de 2023

15:05

Marcela Leiros – Da Agência Amazônia

MANAUS – A maternidade tem um potencial transformador, capaz de motivar o pontapé inicial no empreendedorismo ou impulsionar mulheres a buscarem crescimento profissional. É o que afirmam, à AGÊNCIA AMAZÔNIA, mães que tiveram as vidas e carreiras modificadas depois que ascenderam à função de ser mãe. Neste domingo, 14, Dia das Mães, profissionais da chocolataria, estética e energia renovável lembram o que as levou a empreender.

A fisioterapeuta Adriana Guerreiro começou a trabalhar na área de estética em 2009 e fundou a clínica que leva o nome dela. O empreendedorismo já fazia parte da vida dela quando o filho, Pedro Fernandes Kummer, de 9 anos, nasceu. Mas foi o desejo de melhorar a qualidade de vida do pequeno que a fez buscar mudanças no estilo de vida.

Adriana e Pedro na clínica de emagrecimento e estética que leva o nome da fisioterapeuta, em Manaus (Ricardo Oliveira/Revista Cenarium)

“Eu queria entrar num novo momento da minha vida, para mudar os hábitos, queria introduzir uma alimentação saudável, para ele, a qual, eu não fui ensinada ou estimulada. Meses depois que ele nasceu, surgiram oportunidades de trabalhar com programas de emagrecimento, estética e fisioterapia”, afirma ela, que administra a clínica que dispõe de nutricionista, educador físico, terapeuta e esteticistas.

Para Adriana, empreender, sendo mãe, é desafiador, mas traz recompensas. No trabalho, o empreendedorismo é vencer um dia de cada vez. Ela busca ensinar ao filho que dar conta do próprio negócio exige disciplina e autorresponsabilidade.

“Eu busco ensinar ele a valorizar o que tem, a ser grato. Assim como cuidar das coisas, a ter disciplina quanto às atividades da escola, ser autorresponsável, anotar as coisas na agenda. Ter organização, autorresponsabilidade, porque quem é empreendedor precisa desenvolver isso, precisa trazer responsabilidade para delegar, orientar, para fazer dar certo”, analisa ela.

A fisioterapeuta Adriana Guerreiro (Ricardo Oliveira/Revista Cenarium)

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Do Norte ao Sul

A chocolatier amazonense Suelen Franco é mãe de três filhos e foram os dois primeiros, gêmeos, nascidos há 32 anos, que a motivaram a empreender. Mas foi só ao nascimento do caçula, Davi Franco, de 13 anos, que a profissional em fabricação e criação de receitas com chocolate descobriu a paixão com a chocolataria. No Sul do País, ela construiu uma reputação.

A chocolatier Suelen Franco e seus doces; paixão pela chocolataria surgiu no Rio Grande do Sul (Ricardo Oliveira/Revista Cenarium)

“Eu precisava fazer alguma coisa, não tinha nada na cidade”, conta ela ao lembrar de quando foi morar com o filho e o então marido em Piratini, conhecida como capital farroupilha, no interior do Rio Grande do Sul. “Eu sempre trabalhei com moda e não sabia como fazer, aí decidi fazer chocolate. Não tinha noção de nada de temperar, eu derretia o chocolate e colocava nas forminhas, e eu já achava aquilo o máximo.”

Suelen lembra, ainda, que o empreender lhe causou inquietação para buscar aprender sempre mais. Por morar em um cidade afastada dos grandes centros, para estudar, precisava passar a semana longe do filho ainda pequeno. Hoje, sente orgulho da trajetória que construiu.

“Eu tenho muito orgulho da minha história porque eu saí aqui do Norte, fui para uma terra onde não conhecia ninguém, onde eu não era filha de doceira, herdeira de doceira”, conta. “Eu comecei do zero, eu fiz meu nome, e no Rio Grande do Sul eu tive muitas portas que se abriram para mim”.

Chocolate em comemoração ao Dia das Mães produzido por Suelen Franco (Ricardo Oliveira/Revista Cenarium)

Empreender é gerir

A amazonense Helane da Silva, natural de Novo Airão, a 196 quilômetros de Manaus, fundadora da Future Solar, começou a empreender aos 19 anos e busca ensinar a Filipe, 16, e Enzo, 4, que o empreendedorismo é relacionado a processos e pessoas.

Helane da Silva e um dos filhos, Filipe, de 16 anos (Ricardo Oliveira/Revista Cenarium)

“Independente se você vai abrir uma empresa, é assalariado ou funcionário público, você tem que entender que tudo se baseia em empreender. Fazer qualquer coisa da melhor forma possível, empreender sabendo lidar com os processos e pessoas”, defende Helane, que é formada em Gestão Comercial e Marketing e lidera, ao lado do irmão, a empresa de projetos de usina solar no Amazonas.

Com o empreendedorismo e a maternidade, ela aprendeu a dividir e se doar. “Eu tenho minha família e pessoas, na empresa, que dependem da minha boa gestão e direcionamento. E isso é uma grande responsabilidade, que eu enxergo como missão”, conclui.

A fundadora da Future Solar, Helane da Silva (Ricardo Oliveira/Revista Cenarium)

Mulheres e empreendedorismo

De acordo com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), as mulheres têm optado, cada vez mais, por esse caminho profissional, sobretudo, após a chegada dos filhos. Um estudo do Global Entrepreneurship Monitor (GEM), de 2020, apontou que cerca de 55,5% dos novos negócios nascidos nesse período foram fundados por mulheres. Ainda segundo o GEM, as mulheres representam 46% das atuais empresas com até 3 anos de atividades.

Já o estudo do Observatório de Negócios, em parceria com o Sebrae Delas Mulher de Negócios, que entrevistou 800 empreendedores em Santa Catarina, no Sul do País, (sendo metade dos respondentes mulheres e a outra parte homens), 50,5% das empreendedoras são mães. Já entre os homens, apenas 37,3% são pais.