Em busca de diferenciação, pré-candidatos buscam ‘palanques digitais’ para conquistar eleitores no pós-pandemia

Diante das incertezas sobre o fim da pandemia, pré-candidatos buscam alternativas para atrair eleitores. (Reprodução/Internet)

30 de junho de 2020

07:06

Carolina Givoni – Da Revista Cenarium

MANAUS – A busca pelo protagonismo e a preferência do eleitorado digital têm feito cada vez postulantes às eleições municipais buscarem informações voltadas a marketing político e criação de conteúdo. Diante das incertezas sobre o fim da pandemia e o debate sobre o adiamento das eleições municipais, cinco pré-candidatos buscam nichos e por meio dos  “palanques digitais” pretendem alcançar o maior número de propenso eleitores nas redes sociais.

Entre as estratégias adotadas pelo delegado João Victor Tayah (PT), está a aproximação com apoiadores e simpatizantes das causas sociais, por meio da educação e humanização da agenda política em lives. “Como professor e delegado estou sempre em contato com pessoas que acreditam na campanha. Nosso intuito é mostrar que a política é instrumento de transformação social, uma ferramenta de luta coletiva e não um meio para angariar poder ou riqueza pessoal. Estamos debatendo em grupos e aproveitando as potencialidades de cada ferramenta virtual”, explica João. 

Para a advogada Wanessa Pacheco (Novo) é importante seguir um cronograma pré-definido. “Minha intenção é fazer com que o público me conheça de forma completa e acessível, para isso a neurolinguística é muito importante. Meus esforços devem se concentrar em nichos específicos, com temas que domino. O marketing digital mostrou-se uma das principais ferramentas contemporâneas para engajamento nas eleições, constatamos isso em 2018. Não se faz mais campanha como antigamente, tudo mudou e nós entramos de cabeça na estratégia digital, que será o eixo da campanha”, defende Wanessa.

Experiências

Segundo a professora Renata Moraes (Podemos) a variação de conteúdos e postagens diárias irão contribuir com a identificação do público alvo da estratégia de campanha dela, que concentra conteúdos voltados para área educacional.

“Criei uma fanpage em todas as redes e também estou no YouTube. Faço postagens diárias, apresentando experiências pessoais e abordando temas de relevância para as bandeiras que defendo. Variando os tipos de postagem, usando vídeos roteirizados, lives e compartilhando notícias. Pelo WhatsApp estou interagindo em vários grupos e com linhas de transmissão. Acredito que em função da pandemia e das orientações sanitárias não teremos grandes comícios e aglomerações. Por essa razão essas pessoas devam ser impactadas virtualmente”, analisa a professora.

O empresário do ramo de picolés Gustavo Picanço (Avante) afirma que tem usado a experiência de sucesso pela venda de picolés, para incentivar e tirar dúvidas de jovens e adultos sobre empreendedorismo. Pretendemos organizar futuramente encontros, com o distanciamento permitido de pessoas e todos os cuidados que o momento exige, para orientar pessoalmente essas pessoas. Acredito que o papel de um pré-candidato envolve também acrescentar valores e conhecimentos a seu eleitorado. Não basta apenas desejar apoio, é necessário dar uma contrapartida solidária, que neste caso é meu conhecimento como empreendedor, para que todos possam entender que o empreendedorismo está ao alcance de todos”, declarou. 

Já a produtora Michelle Andrews (Psol) diz que a proposta de candidatura digital já era planejada anteriormente e foi intensificada com a pandemia de Covid-19. “A característica da comunicação digital é dinâmica e precisa ser revista constantemente. Podemos dizer que pelo menos de 15 em 15 dias vamos sentar para avaliar e replanejar de acordo com as necessidades. O diferencial será o alcance, nas ruas é fisicamente exaustivo percorrermos todas as zonas da cidade para ouvir a população, algo que é mais facilitado digitalmente. O diferencial é ter canais abertos não apenas para propagar uma mensagem, mas ouvir e receber contribuições. Dessa forma construímos uma pré-candidatura participativa e diversa”, conclui.

Posicionamentos

Nas redes sociais o especialista em marketing político Rodrigo Gadelha, afirma que os pré-candidatos devem estar atentos aos posicionamentos e tendências. “A política afeta a todos. E quando você decide não se posicionar, não participar da política, você está deixando as coisas do jeito que elas estão. A chave da conquista é o posicionamento, nele é como você será percebido pelas pessoas. Não adianta você fugir de sua essência. No Digital, as pessoas vão fazer buscas e ver se você realmente é o que diz ser”, comenta na publicação.⁣

⁣O especialista ainda diz que posicionamento é essencial para envolver os eleitores e que auxilia a engajar pessoas naturalmente. “As pessoas precisam entender e se identificar com seu posicionamento e postura. E como fazer isso? Sendo você de forma real e buscando o seu melhor.⁣ Seu foco tem que ser nas pessoas que te acompanham e não naquelas que ainda não te conhecem. Você tem que consolidar sua relação, criar um relacionamento forte para que aqueles te seguem virem agentes de conquista”, detalha.⁣

Gadelha também pondera que os pré-candidatos devem ter atenção ao buscar engajamento. “É necessário ter uma rotina, se relacionar e dar voz. Estimular a participação de cada pessoa. Com mais comentários, respondendo indagações e fazendo com que as pessoas que te acompanham virem fãs. Esse tipo de estratégia traz o sentimento de intimidade e de reciprocidade”, completa a postagem.⁣

Responsabilidade nas redes 

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE), divulgou resoluções para o enfrentamento à desinformação, como a vedação da contratação ou realização de disparo em massa de propaganda eleitoral em plataformas pagas na internet. Caso a informação for comprovadamente inverídica, caberá direito de resposta ao prejudicado ou ofendido. Nesse caso, as sanções penais e multa previstas chega até R$ 30 mil.

Segundo o Relatório de Notícias Digitais do Instituto Reuters, o Brasil possui ao todo 127 milhões de usuários no Facebook, 41 milhões no Twitter e 66 milhões de usuários no Instagram. Já o WhatsApp, é usado por mais de 120 milhões de brasileiros, quase a totalidade dos usuários de internet no país.

As quatro maiores redes sociais assinaram um memorando do TSE, para reiterar o compromisso de combater a desinformação. Dessa forma, visando evitar abusos no período eleitoral, o Facebook, proprietário das plataformas Instagram e Whatsapp, anunciou mudanças nos produtos.