29 de janeiro de 2024

14:01

Marcela Leiros – Da Agência Cenarium

MANAUS (AM) – Pacientes da Fundação de Medicina Tropical Doutor Heitor Vieira Dourado (FMT-HVD) realizaram um ato, na manhã desta segunda-feira, 29, contra a precarização da instituição e cobraram, ainda, o pagamento do salário atrasado dos funcionários que estão há quatro meses sem receberem. A manifestação foi organizada pelo Fórum Amazonas de Organizações da Sociedade Civil IST/HIV/AIDS/ e Tuberculose em frente à fundação, na Avenida Pedro Teixeira, bairro Dom Pedro, Zona Centro-Oeste de Manaus.

Segundo informações, a FMT-HVD vem sendo sucateada, o que prejudica a qualidade do acesso à saúde. Como consequências, insumos básicos não estão sendo fornecidos como papel higiênico, seringas, fraldas descartáveis e soro fisiológico. Também ocorre, segundo os pacientes, o não funcionamento de aparelhos fundamentais para o apoio diagnóstico como raio-x, tomografia e ressonância.

A representante do fórum, Evalcilene Santos destacou as dificuldades que os pacientes enfrentam ao serem atendidos no local. “Os funcionários não estão recebendo, os terceirizados, banheiros todos interditados, não tem papel higiênico, não tem seringa, não tem soro, não tem álcool. Estamos de novo no boom da Covid, e as pessoas não tem máscaras, não tem equipamentos, não tem os EPIs. Os médicos terceirizados, enfermeiros, estão sem receber, como que os profissionais podem atender com qualidade as pessoas que vem aqui?“, criticou.

Evalcilene afirmou, com preocupação, que as pessoas estão indo à FMT para morrer. “Tem pessoas que já estão chegando e abandonando o tratamento por não ter infectologista, tem pouquíssimos infectologistas, e às vezes as pessoas passa de ano e ano pra uma consulta“, contou.

Quanto à falta de funcionários no ato, Evalcilene Santos citou as represálias e ameaças que os mesmos receberam para não aderirem à manifestação. “Funcionários não podem vim pra cá porque senão vão ser tirados dos seus cargos. São ameaçados pra trabalhar porque se não pegam a conta“, denunciou também.

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Falta de assistência

Um das pacientes que sente na pele essa precarização é a artesã Benezuete Pereira Moraes. Soropositiva, ela também é mãe de três filhos com a doença. Todos são pacientes da FMT-HVD e enfrentam dificuldades no local. “Eles já passaram por várias dificuldades aqui, em vez desses 26 anos melhorar, faz é piorar“, observou.

Além da falta de higiene nos banheiros, Benezuete também citou a falta de médicos e equipamentos na fundação. “Essa semana meu filho passou mal, ele veio aqui pra fazer uns exames, não foi feito exame nenhum, simplesmente o médico passou um remédio pra ele, não sabia o que ele tinha ou deixava de ter, e mandou ele pra casa. Não deram uma injeção, não deram remédio pra ele. Isso é falta de compaixão com o paciente, e falta dos insumos, porque não tem, está faltando tudo“, disse.

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Referência

A FMT-HVD é considerada referência nacional e mundial para o tratamento de enfermidades tropicais, principalmente malária, arboviroses, HIV/Aids, dermatoses infecciosas e acidentes por animais peçonhentos, mas, hoje, segundo os pacientes, vive uma precarização da estrutura e serviços médicos.

A REVISTA CENARIUM questionou a Secretaria de Estado de Saúde (SES-AM) e o Governo do Amazonas sobre as denúncias feitas durante o ato, mas não recebeu retorno até a publicação desta matéria.

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