15 de novembro de 2022
10:11
Mencius Melo – Da Agência Amazônia
MANAUS – Os artistas amazonenses Keyla Sankofa e Denilson Baniwa estão entre os 25 artistas de 11 Estados brasileiros que fazem parte da exposição “Um Século de Agora”, que acontece no espaço expositivo do Itaú Cultural, a partir do dia 17, em São Paulo. A exposição é uma reflexão de cem anos da produção artística brasileira, a partir do marco histórico da semana de arte moderna de 1922.
A curadoria é de Júlia Rebouças, Luciara Ribeiro e Naine Terena de Jesus. “No avançar do ano de 2022, apesar do vírus, das queimadas, da bandeira e dos bandeirantes, reunimo-nos para refletir sobre a herança da Semana de Arte Moderna, de 1922, a partir da produção artística e cultural de artistas que estão em atuação cem anos depois. Esse legado, que ajuda a dar corpo à matéria do presente, arrasta consigo promessas e dívidas, desejos e frustrações em torno desse potente ambiente de criação que chamamos de cultura brasileira”, destacou Júlia Rebouças.
A curadora Luciara Ribeiro faz uma reflexão sobre o contexto da exposição em “tempo e ação”. “Os últimos cem anos, certamente, constituem um dos períodos de maior densidade de transformações humanas e não humanas. É um século de surpresas e assombramentos sobre nossa capacidade de concentrar poder e espalhar desigualdade. As mãos civilizatórias modificaram a Terra, interferiram no curso da vida, alteraram o clima, aceleraram a noção de tempo, mudaram nosso sentido de existir”, refletiu.
Progresso?
Já Naine Terena faz uma crítica sobre o progresso humano. “Nesse período, o suposto progresso jogou para as margens o que se considerava impróprio, poluído, aquilo que merecia padecer, o que iria morrer. Matamos. Extinção de espécies; alagamentos; ventanias e deslocamentos inesperados de solo; adoecimento da terra, por improdutividade (ou superprodutividade?). Matamos. Ignoramos os efeitos e as reações num século em que o planeta adoeceu, física e simbolicamente, e nós, como sociedade, também”, concluiu.
O Itaú Cultural encerra o seu calendário de grandes exposições de 2022 com mostra que reflete sobre os últimos cem anos de produção artística brasileira. Ela apresenta artistas em atuação, atualmente, no Brasil e amplia espaços para identidades preteridas no projeto artístico da Semana de 1922, reforçando a percepção do presente. As obras exibidas datam, em sua maioria, de 2022 e questionam noções de tempo, história, tradição e nação, no atual contexto brasileiro.
O Itaú Cultural fez questão de destacar a urgência da produção artística que compõe, em sua maioria, as obras presentes na “Um Século de Agora”. Depois de trazer importantes exposições individuais de artistas visuais, o Itaú Cultural (IC) abre as portas para uma exposição coletiva de artistas e coletivos que não só se manifestam por meio de múltiplas linguagens, mas, sobretudo, apresentam obras e projetos realizados ou concluídos, em sua maioria, em 2022 – ou seja, no agora.