Escola onde crianças e adolescentes estudam é incendiada por homens armados no Sudoeste do Pará

A Escola Municipal de Ensino Fundamental Paulo Anacleto teve a estrutura completamente queimada e destruída (Reprodução)

19 de agosto de 2022

15:08

Bruno Pacheco – Da Agência Amazônia

MANAUS – Uma escola municipal onde crianças e adolescentes estudam em uma comunidade do município de Anapu, no Sudoeste do Pará, ficou totalmente destruída após um grupo de homens armados tacarem fogo na unidade educacional e efetuarem disparos contra um agricultor. Segundo a Comissão Pastoral da Terra (CPT), o ato criminoso aconteceu entre a noite dessa quinta-feira, 18, e a madrugada desta sexta-feira, 19, no lote 96, da gleba Bacajá.

O ato criminoso aconteceu entre a noite dessa quinta-feira, 18, e a madrugada desta sexta-feira, 19 (Reprodução)

O lote da comunidade fica em uma área pública federal onde está em implantação o assentamento Dorothy Stang. Há anos, a região é alvo de disputa entre grileiros e agricultores. Não há informações sobre o estado de saúde do agricultor.

Em vídeos compartilhados por moradores nas redes sociais, é possível ver os destroços que sobraram da escola de madeira Paulo Anacleto. Uma mulher, não identificada, afirma que os suspeitos tacaram o fogo por volta das 23h dessa quinta-feira, 18.

A CPT afirma que esta não foi a primeira vez que os moradores sofreram ataques. “Isso não foi a primeira vez que os moradores sofreram ataques vindo do rumo da sede que ficou no 96 e da sede da fazendo no lote 28”, pontuou a CPT.

Equipes da Polícia Civil e Militar foram ao local fornecer apoio. Segundo o Ministério Público Federal (MPF), uma das pessoas da comunidade está no programa de proteção a defensores de direitos humanos, por conta de ameaças de morte. O MPF disse, ainda, que os órgãos competentes estão sendo acionados para acompanhar o caso.

Recorrente

Nas redes sociais, a jornalista Eliane Brum também denunciou que um morador da comunidade, o camponês Erasmo Theofilo, já tinha recebido uma ameaça de morte, as crianças da região já passaram por outros atentados e duas casas chegaram a ser incendiadas meses atrás.

“Já estacam totalmente traumatizadas e foi difícil convencê-las a voltar à escola. E agora isso. Sabem por que os grileiros queimam a escola? Porque a escola é posse de terra, é permanência, é construção de vida, é movimento de futuro no presente”, disse a jornalista, em uma publicação no Instagram.

Eliane Brum lembra que o nome da escola foi dado em homenagem ao um vereador do PT assassinado no final de 2019, na praça central de Anapú, diante do filho pequeno. Segundo a jornalista, os camponeses da região construíram a escola na terra onde vivem e da qual vivem, mas os grileiros, por outro lado, têm colocado bois na região para garantir a posse da terra.

“A vida dessas crianças é tecida pela violência. Que futuro se espera do Brasil? Reconstruir a escolinha de Anapú, imediatamente, é responsabilidade coletiva de todos”, frisou Eliane.