ESPECIAL | Gestão em pauta – Olhar para a transformação social

Ex-prefeita de Boa Vista, Teresa Surita com crianças atendidas nas modernas e bem-avaliadas escolas municipais (Foto: Divulgação)

07 de junho de 2022

11:06

Gabriel Abreu — Da Revista Cenarium

BOA VISTA (RR) — Governar uma capital no Brasil não é fácil, são vários os desafios que precisam ser vencidos em diversas áreas, como saúde, educação, infraestrutura, social, empreendedorismo e turismo. E esses são alguns dos pilares que marcaram a gestão da única prefeita eleita cinco vezes para cuidar de uma capital no País. Teresa Surita (MDB) aceitou o desafio de transformar Boa Vista e revolucionou a forma de cuidar das pessoas.

Não é por acaso que a capital do Estado de Roraima ficou conhecida no mundo por cuidar da primeira infância, com um programa idealizado por uma mulher. O trabalho voltado à primeira infância em Boa Vista é reconhecido por fundações como Getulio Vargas, Maria Cecília Souto Vidigal, MELQO e Bernard Van Leer, que são parceiras na construção da cidade que soube olhar da forma correta e diferenciada para as crianças. Constantemente, essas instituições visitam a capital para acompanhamentos, estudos e consultorias em ações voltadas ao público infantil. 

A capital faz parte do maior bioma tropical do mundo, a Amazônia, e, justamente por estar nessa região, um tanto quanto isolada, sendo referência na implantação de políticas públicas, acabou por chamar a atenção de outros países que se debruçam em “cases” bem-sucedidos pelo mundo afora. Nos últimos sete anos, a menor capital do Brasil viu sua população praticamente dobrar ao receber imigrantes venezuelanos, além de brasileiros de toda a parte do País. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), só em 2021, a estimativa populacional de Boa Vista cresceu em 4,4%, passando de 419.652 habitantes para 436.591.

Todo esse crescimento recebeu atenção de uma gestão estratégica voltada à primeira infância, que teve início em 2013, quando as palavras “primeira infância” e “fortalecimento de vínculos” eram totalmente desconhecidas pelo poder público no Estado de Roraima e nem mesmo a sociedade sabia da importância e o ganho de se cuidar da primeira infância, recomendados pela ciência e pelo Nobel da Economia. Desde então, a cidade vem recebendo investimentos voltados ao desenvolvimento infantil para a formação de adultos mais saudáveis, produtivos e com mais oportunidades de crescimento profissional e pessoal. 

No centro da política pública implementada por Teresa Surita está o programa “Família Que Acolhe”, que garante às gestantes e seus bebês uma atenção especial do município. 

Porém, o alcance da política pública vai muito além, ao integrar de forma intersetorial os serviços nas áreas de saúde, educação, gestão social, urbanismo, tecnologia e comunicação para as mulheres e crianças, que são acompanhadas da gestação até os seis primeiros anos de vida. Essas ações visam ao desenvolvimento integral dos pequenos cidadãos de Boa Vista e resultam numa futura geração bem mais feliz e preparada.

Início da vida

A primeira infância é o período que vai da gestação aos 6 anos de idade, quando se formam as capacidades do ser humano, pois o cérebro está mais apto a absorver e a processar informações. É a fase de maior intensidade na conexão dos neurônios, segundo Jack P. Shonkoff (diretor fundador do Centro de Desenvolvimento Infantil da Universidade de Harvard, nos EUA), onde sentimentos de afeto, formação de linguagem, cognição e ludicidade possibilitam à criança se tornar um adulto saudável e mais preparado para o convívio em sociedade.

Segundo técnicos do Ministério da Saúde, no estudo “O Impacto do Desenvolvimento na Primeira Infância na Aprendizagem”, publicado em 2014 pelo Comitê Científico, Núcleo Ciência pela Infância, “a aprendizagem inicia-se desde o começo da vida. Muito antes de a criança entrar na escola, enquanto cresce e se desenvolve em todos os domínios (físico, cognitivo e socioemocional), ela aprende nos contextos de seus relacionamentos afetivos. Especialmente na primeira infância, a aprendizagem é fortemente influenciada por todo o meio onde a criança se encontra e com o qual interage”. 

Foi com essa perspectiva e com esse olhar que Teresa Surita aperfeiçoou sua  forma de governar, que prova ser possível implantar uma política pública capaz de ajudar as crianças a se desenvolverem melhor na família, na escola e na vida.

Outros avanços

Mas os avanços da gestão não ficaram só na primeira infância e se estendem por todas as áreas, como a econômica, com a implantação de uma cultura do empreendedorismo, incentivo à cultura, fortalecimento do turismo, da agricultura rural e indígena, investimento em Ciência e Tecnologia, além das inúmeras melhorias na infraestrutura que transformaram Boa Vista. Praças modelo com selvinhas amazônicas, ciclovias, quadras de tênis, campos society, pistas de skate e bicicross e a evolução em múltiplas áreas, visando, principalmente, ao bem-estar humano, renderam à cidade o título de uma das 26 cidades mais felizes do Brasil, em 2019, segundo a Revista Bula.

Praça do Nova Cidade, modelo de intervenção urbana planejado e voltado ao desenvolvimento da primeira infância (Foto: Divulgação)

“Aqui, somos um povo forte que não se abate e recebe as adversidades com resiliência e alegria. A gente vê na dificuldade uma oportunidade para se superar”

Teresa Surita, ex-prefeita de Boa Vista.

A publicação realizou um levantamento de dados de estudos nacionais que medem a qualidade de vida da população do País. O ranking foi elaborado com base em indicadores que mostram a sensação de bem-estar e a satisfação da população dos 5.570 municípios brasileiros, entre eles: renda, longevidade, educação, emprego, saúde, saneamento básico e trabalho. Apenas três capitais se destacaram, entre elas, a de Roraima.

Em seus cinco mandatos à frente da Prefeitura de Boa Vista, Teresa Surita realizou diversas obras de infraestrutura (Foto: Divulgação)

“Aqui, somos um povo forte que não se abate e enfrenta as adversidades com resiliência e alegria. A gente vê na dificuldade uma oportunidade para se superar. Mesmo com a situação enfrentada por Boa Vista, com planejamento e trabalho a gente conseguiu uma educação de qualidade, dar um atendimento decente na saúde, ter uma cidade limpa e organizada, aumentar a quantidade de praças e investir em toda infraestrutura para gerar oportunidades de trabalho e melhorar a qualidade de vida da população”, destacou a ex-prefeita Teresa Surita, na época em que a cidade foi eleita uma cidade feliz.

Capacidade de gestão e experiência são primordiais para executar políticas públicas

A cada ano de gestão, Boa Vista foi aprofundando ainda mais os conhecimentos e reiterando a importância de investir-se nas crianças para que o futuro possa ser mais próspero e humano. A partir das políticas públicas que se iniciaram no FQA, a cidade passou a ser vista pelo Brasil e o mundo como uma capital modelo nos cuidados com as crianças, tendo como referência os ensinamentos implementados por Teresa, como gestora de uma capital/Estado, onde vivem 70% da população de Roraima.