Estados da Amazônia enfrentam seca severa e rios atingem cotas históricas

Seca no Lago do Aleixo, em Manaus; estiagem severa fez lago desaparecer. (26.set.23 - Ricardo Oliveira/Revista Cenarium Amazônia)

03 de outubro de 2023

14:10

Marcela Leiros – Da Agência Amazônia

MANAUS – Pelo menos três Estados da Amazônia (Rondônia, Amazonas e Acre) enfrentam o que as autoridades chamam de estiagem severa, com os rios atingindo as menores marcas da história. A seca já causou a interdição da praia da Ponta Negra, em Manaus, e a suspensão das atividades da Usina Hidrelétrica de Santo Antônio, no Rio Madeira, e ainda colocou municípios e Estados em situação de emergência.

Em Rondônia, a seca que atinge os estados da Região Norte levou à suspensão momentânea das atividades da Usina Hidrelétrica de Santo Antônio. A hidrelétrica é uma das maiores geradoras de energia do Brasil. São 50 turbinas, com potência instalada de 3.568 megawatts. Em 2022, a usina ocupou a quarta posição no ranking de geração de energia.

Usina de Santo Antônio. (2.out.23 – Santo Antônio Energia/Facebook)

O Rio Madeira, principal referência para a medição dos rios em Rondônia, atingiu a menor cota da série histórica da seca ainda em setembro, em Porto Velho, ao atingir o nível de 1,43 metro. Em 2022, o Madeira havia atingido a cota de 1,44 metro, o menor registrado em 17 anos.

Leia mais sobre a estiagem:

Manaus entra em situação de emergência por seca histórica do Rio Negro
Maior seca dos últimos dez anos muda rotina de moradores em Manaus
Desabastecimento: seca nos rios do Amazonas pode deixar 500 mil pessoas sem água e comida
Governador do AM instala comitê de crise para coordenar ações de enfrentamento à estiagem
Estiagem no Amazonas

No Amazonas, a seca do Rio Negro já é considerada a maior dos últimos dez anos. De acordo com medições do Porto de Manaus, a cota do rio, o sétimo maior do mundo em volume de água, estava em 15,14 metros até a manhã desta terça-feira, 3.

O prefeito de Manaus, David Almeida (Avante) anunciou o encerramento do ano letivo, a partir desta terça-feira, para estudantes de 48 escolas ao longo do Rio Negro, na zona rural da capital amazonense.

Orla da Manaus Moderno, no Centro de Manaus. (28.set.23 – Ricardo Oliveira/Revista Cenarium Amazônia)

A medida visa ajudar os alunos e professores que enfrentam dificuldades para chegar às unidades de ensino devido à seca severa que atinge o Amazonas. As escolas ainda servirão de base para receber auxílios, bem como alimentos e produtos de higiene básica para as populações afetadas pela estiagem.

Nessa segunda-feira, 2, a praia da Ponta Negra, o principal balneário público da capital amazonense, foi interditada por 90 dias para banhistas, devido ao aparecimento de buracos e depressões pelo movimento das águas. 

Interdição da praia da Ponta Negra, na Zona Oeste de Manaus. (2.out.23 – Alan Geissler/Revista Cenarium Amazônia)

David Almeida comentou sobre a previsão da estiagem, que indica que os rios vão continuar secando pelos próximos três meses. “Nós já estamos num momento bem difícil, nós enfrentamos a pior pandemia de todos os tempos, nós enfrentamos a pior enchente de todos os tempos e muito provavelmente estamos diante daquilo que será a pior estiagem de todos os tempos“, afirmou Almeida.

Quanto ao Estado, o Governo do Amazonas decretou situação de emergência em 55 municípios que enfrentam a seca severa que atinge os rios da região. O decreto, assinado pelo governador Wilson Lima (União Brasil) tem duração de 180 dias. Além de decretar emergência, Lima também criou um comitê de crise para monitorar as cidades que sofrem com a estiagem.

Situação atípica no Acre

No Acre, que também integra a Região Norte, a Defesa Civil da capital Rio Branco estima que a escassez de água pode perdurar até dezembro, uma situação considerada “atípica”. O Rio Acre, na capital acreana, iniciou o mês de outubro abaixo dos dois metros, com 1,37 metro.

Essa pode ser uma seca muito mais prolongada do que outras. Nós podemos adentrar o mês de dezembro com uma situação bastante crítica. Essa é a previsão meteorológica que nós temos”, afirmou o tenente-coronel da Defesa Civil de Rio Branco, Cláudio Falcão.

Seca no Estado do Acre. (Alexandre Cruz-Noronha/Sema)

A prefeitura de Rio Branco decretou situação de emergência na cidade. Estimativa da Defesa Civil municipal aponta que pelo menos 17 mil pessoas já foram afetadas pelo desabastecimento de água. De acordo com a prefeitura, algumas áreas do município sofrem com a falta de abastecimento de água e de alimentos, ocasionado pelos prejuízos dos produtores rurais.