Estados vizinhos ao Amazonas lideram queimadas, confirma Inpe

Focos de queimada na Amazônia. (BDQueimadas/Inpe)

07 de novembro de 2023

13:11

Marcela Leiros – Da Agência Amazônia

MANAUS (AM) – Estados vizinhos ao Amazonas, como o Pará, Amapá, Mato Grosso e Rondônia, concentraram, de 1º a 6 de novembro, quase 3 mil focos de queimadas. Os dados foram levantados pela AGÊNCIA AMAZÔNIA nesta terça-feira, 7, na plataforma de Queimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), e mostram o Amazonas no 6º lugar do ranking de focos de calor na Amazônia.

No topo da lista está o Pará, com 2.188 focos, o que corresponde a 65,2% do total geral, que é de 3.360. O Estado vive um dos piores momentos do período de incêndios florestais e, segundo o Governo do Amazonas, imagens de satélite mostram o impacto dessas queimadas na qualidade do ar próximo à região do Baixo Amazonas e na intensificação da fumaça sobre a capital Manaus.

Queimadas registradas pelo Inpe, na Amazônia, de 1º a 6 de novembro. (Reprodução/Inpe)

Depois do Pará, o Amapá ocupa a segunda posição, com 311 focos de calor no período. No Maranhão, foram registrados 199. No Mato Grosso e Rondônia, esse número chega a 191. Amazonas teve 131 focos e o Acre, 89. Rondônia ficou em 8º lugar, com 44 focos, e Tocantins ocupa o último lugar, com 14 pontos de calor.

presidente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Rodrigo Agostinho, confirmou nessa segunda-feira, 6, em uma entrevista a um telejornal do Amazonas, que o Pará é líder em número de focos na Amazônia. Na entrevista, o gestor explicou que a situação se agrava com o fenômeno El Niño e as mudanças climáticas.

“O El Niño, agravado pelas mudanças climáticas, está trazendo uma onda de calor muito intensa, e fazemos um apelo, primeiro, para que as pessoas parem de colocar fogo, muitas delas querendo limpar terrenos ou áreas que foram desmatadas”, afirmou Rodrigo Agostinho, acrescentando que os brigadistas do Prevfogo combatem dois grandes incêndios florestais no Pará, e que as queimadas no Amazonas estão mais controladas do que há algumas semanas.

Temos quase 300 homens entre o Amazonas e o Pará, combatendo dois grandes incêndios no Pará, na região de Oriximiná e na Resex Tapajós-Arapiuns. Há cinco focos ativos no entorno de Manaus, mas perto da situação que nós tivemos há algumas semanas, está realmente controlado“, explicou.

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Fumaça do Pará em Manaus

Segundo o Governo do Amazonas, baseado nas imagens do satélite GOES-16, fornecidas pela Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA), o fluxo de ventos traz o material particulado em suspensão para a Região Metropolitana de Manaus. Esse material tem encontrado dificuldades em se dispersar devido à ausência de chuvas e ao calor intenso na região, potencializados pelo El Niño severo deste ano.

“Podemos verificar, por meio das imagens dos satélites, que todos os municípios que sofrem influência do Rio Amazonas, servindo como um corredor de fluxo de ventos até chegar a Manaus, têm sido impactados pela fumaça, mesmo sem terem focos de incêndios registrados”, explicou o secretário de Meio Ambiente do Amazonas, Eduardo Taveira.

Imagens de satélite mostram avanço das queimadas no Pará (Divulgação)
Qualidade do ar melhora

Após duas semanas consecutivas de fumaça, a capital do Amazonas, Manaus, amanheceu nesta terça-feira, 7, com uma melhora significativa na qualidade do ar, devido à chuva na cidade durante a madrugada.

Conforme o Sistema Eletrônico de Vigilância Ambiental (Selva), a qualidade do ar está entre “boa” e “moderada”, muito diferente do que vinha sido registrado nos últimos dias. A fumaça na capital é agravada pela falta de chuvas, de acordo com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).

Qualidade do ar em Manaus, às 10h30, desta terça-feira, 7. (Reprodução/Selva)

A Defesa Civil do Amazonas emitiu boletim pluviométrico da chuva em Manaus, baseado no Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden). A capital amazonense tem mais previsão de chuva para os próximos dias, conforme o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).

Veja os acumulados de precipitação abaixo:

  • Colônia Antônio Aleixo: 72,94 mm;
  • Jorge Teixeira: 69,83 mm;
  • Mauazinho: 61,44 mm;
  • Igarapé do Mindu: 59 mm;
  • Bairro União: 52,29 mm;
  • Puraquequara: 39,39 mm;
  • Redenção: 34,44 mm.

Edição: Eduardo Figueiredo

Revisão: Gustavo Gilona