Ex-governadora de Roraima, Suely Campos é indiciada após desviar R$ 8 milhões

Os desvios de recursos foram feito no último ano de mandato. (Antônio Cruz/Agência Brasil)

31 de maio de 2023

13:05

Bianca Diniz – Da Agência Amazônia

BOA VISTA (RR) – A ex-governadora de Roraima Suely Campos foi indiciada pela Polícia Civil (PCRR) na segunda-feira, 29, pelo crime de peculato durante sua gestão, entre os anos de 2014 e 2018. As investigações descobriram um desvio superior a R$ 8 milhões, correspondente a oito parcelas descontadas em folha de pagamento dos servidores públicos, porém, não repassadas à Caixa Federal.

A Polícia Federal (PF) deu início às apurações, porém, devido à perda do foro privilegiado por parte de Suely, o caso foi encaminhado para a Justiça comum, acarretando transferência das investigações para a Polícia Civil.

O caso foi investigado pela Justiça Comum devido à perda do foro privilegiado de Suely. (Avener Prado/Folhapress)

De acordo com a PC, os desvios de recursos ocorreram durante o período compreendido entre 10 de maio e 10 de dezembro do ano de 2018, último ano de governo de Suely. Tais desvios caracterizam peculato, crime que consiste na apropriação ilícita de dinheiro, valores ou outros bens móveis, sejam eles de natureza pública ou privada, por parte de um funcionário público. A investigação foi feita pela Delegacia de Repressão a Crimes contra a Administração Pública (DRCAP), em parceria com a Divisão Especial de Combate à Corrupção (DECOR). 

Para a delegada titular da DRCAP, Magnólia Soares, a apropriação do governo foi indevida independentemente da situação financeira do Estado. “Embora a justificativa dada pela então governadora na época, juntamente com os secretários da Fazenda que ocuparam a pasta no citado período, tenha se pautado na crise financeira vivida pelo Estado, com bloqueios judiciais inclusive, o fato é que o governo não poderia ter se apropriado e desviado dinheiro alheio”, afirmou Magnólia.

Pagamento não realizado

A delegada também informou que, com base nos dados obtidos junto à Caixa Econômica, o pagamento integral desse débito junto à instituição financeira ainda não foi realizado.“Houve o desconto do dinheiro dos servidores e o não repasse a quem de direito, o que resultou em prejuízo aos servidores, uma vez que não tiveram a amortização do débito junto à instituição financeira e ficaram impedidos de realizarem novos empréstimos”, esclareceu Magnólia.

O Tribunal de Contas do Estado (TCE) está iniciando uma investigação para apurar a responsabilidade da ex-governadora em relação à prestação de contas durante seu mandato.

Sobre Suely Campos

A ex-governadora Suely Campos se tornou a primeira mulher a assumir o cargo de governadora, em 2014, ao substituir seu marido, o ex-governador Neudo Campos. Neudo foi impedido de concorrer devido à sua condenação no escândalo conhecido como ‘Escândalo dos Gafanhotos’, enquadrado na Lei da Ficha Limpa.

O casal Neudo Campos e Suely Campos foram governadores do Estado de Roraima. (Reprodução/Facebook)

No entanto, a gestão de Suely foi alvo de críticas e ataques, em 2017, devido à suspeita de desvio de recursos no sistema prisional. Essas acusações levaram à apresentação de um pedido de impeachment contra o seu mandato em junho do mesmo ano, na Assembleia Legislativa de Roraima. Uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) foi instaurada para investigar o assunto.

Durante esse período conturbado, Suely Campos buscou a reeleição como governadora, mas enfrentou uma derrota significativa já no primeiro turno das eleições, obtendo apenas 11,13% dos votos válidos, o equivalente a cerca de 29,8 mil votos.

A reportagem tentou contato com a ex-governadora, mas até a publicação desta matéria, os questionamentos não foram respondidos.