Exploração da Eneva viola direitos de povos da Amazônia

28 de fevereiro de 2024

16:02

O medo e a insegurança tornaram-se frequentes na vida dos povos indígenas de diferentes etnias que se dizem ignorados e ameaçados no processo de extração do combustível de origem fóssil e lutam para provar que existem, na tentativa de se manterem vivos na área de influência do chamado Complexo do Azulão. A operação comercial de gás e óleo acontece desde 2021 pela empresa Eneva, entre as cidades de Itapiranga e Silves, distantes 226 e 181 quilômetros de Manaus, no Estado do Amazonas.

O contexto de ameaças consta em um relatório da Comissão Pastoral da Terra (CPT) Prelazia de Itacoatiara, que revela denúncias que chegam a citar pessoas ligadas à empresa e apontam os impactos do empreendimento. O documento embasou o pedido de suspensão de licenciamento ambiental, solicitado pelo Ministério Público Federal (MPF) no Amazonas à Justiça Federal em fevereiro deste ano.

A Eneva, operadora do empreendimento, é acusada por populações indígenas e órgãos federais de realizar o processo de licença exploratória, sem consulta prévia, aos povos originários da localidade, sob alegação de que não existem terras indígenas homologadas ou em estudo na área de influência da extração. Na contramão, comunidades tradicionais da região lutam para serem reconhecidas.

A série de questionamentos dos indígenas e órgãos públicos, sobre a maneira como a instalação da empresa ocorreu, motivou a REVISTA CENARIUM a ir à aldeia Gavião Real I, em Silves, em fevereiro deste ano, para saber quem são os indígenas que se sentem esquecidos pela maior operadora privada de gás natural do País.