22 de dezembro de 2020
10:12
Carolina Givoni – Da Revista Cenarium
MANAUS – Já imaginou resolver as desavenças familiares com socos e chutes em pleno natal? Em Chumbivilcas, província dos Andes, localizada no Peru, o “espírito natalino” passa longe da tradicional troca de presentes e solidariedade. Toda manhã do dia 25 de dezembro os moradores da região celebram o Takanakuy, festival indígena de defesa da honra e reputação.
Em “arenas”, diversos homens e mulheres se encontram para “acertar as contas”. O intuito do evento não é tido como mera violência gratuita pelo povo da província a cerca de 12 mil pés acima do nível do mar. O Takanakuy se transforma numa cerimônia de retribuição e fortalecimento de laços comunitários, além de propor a liberação de agressões dos participantes.
A celebração também é repleta de simbolismo, cores, músicas e danças. Por essa razão, os integrantes do Takanakuy usam trajes e máscaras coloridas, enquanto outros amarram pássaros e outros animais mortos no corpo para amedrontar os adversários e, consequentemente, “vencer” a batalha. Apesar da proposta, não há vencedores ou perdedores, o que vale é a diversão.
Regras
O estilo de luta no Takanakuy é livre e os participantes podem fazer uso de movimentos tradicionais das artes marciais, sem armas, apenas o corpo se torna uma “arma de guerra”. A preferência masculina é de utilizar os punhos e desferir socos contra os adversários. No time feminino, o conjunto de membros inferiores ganha a cena com chutes e pontapés.
Participantes do Takanakuy relatam episódios de lesões corporais leves durante os combates que possuem, em média, três minutos. Segundo as regras, os golpes considerados baixos são proibidos e os árbitros são atentos para certificar que após a queda o adversário sem defesa não seja atingido de forma covarde.
As lutas também possuem audiência local e até transmissões pelo Youtube e para participar é bem simples: os membros dos vilarejos podem “convocar” os adversários que desejam enfrentar no “ringue”. A justificativa do convite pode ser pessoal, comercial ou envolver qualquer tipo de desavença. O importante: o que acontece no Takanakuy, fica no Takanakuy.