Fumaça obriga uso de máscaras pela população em Manaus

Qualidade do ar em Manaus é considerada "perigosa". (Ricardo Oliveira/Revista Cenarium Amazônia)

11 de outubro de 2023

17:10

Marcela Leiros – Da Agência Amazônia

MANAUS – Com a qualidade do ar considerada “perigosa” em Manaus, de acordo com a plataforma Aiqcn, um índice de medição global, residentes na capital amazonense voltaram a usar máscaras para se proteger da fumaça, conforme observou a REVISTA CENARIUM AMAZÔNIA nesta quarta-feira, 11. A prática segue recomendação de médicos especialistas, que orientam, ainda, outros cuidados.

No bairro Centro, em Manaus, a máscara voltou a se tornar item indispensável. (Ricardo Oliveira/Revista Cenarium Amazônia)

A fumaça voltou se propagar com mais intensidade na noite dessa terça-feira, 10, e, na manhã desta quarta, a cidade amanheceu coberta com uma densa nuvem, que prejudica até mesmo a visibilidade. Conforme mostrou a plataforma global, a capital amazonense (505 µg/m³) estava atrás apenas da cidade de Leiret, na Noruega (999 µg/m³). Nestes níveis, há um alerta de que todos podem experimentar efeitos mais graves para a saúde.

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Qualidade do ar em Manaus. (Reprodução/Aiqcn)

Os impactos são sentidos por pessoas como a técnica de enfermagem Mira Cabral e a filha, a estudante Letícia Cabral. Naturais de Parintins, a 369 quilômetros de Manaus, elas estão em Manaus para consulta de rotinas e precisaram usar máscaras para cumprir compromissos no Centro, Zona Sul da cidade. Letícia tem asma — doença que acomete os pulmões — e sente mais fortemente os impactos da fumaça.

Eu tenho vários problemas respiratórios, desde quando era criança, então tudo isso, mesmo que pouca fumaça, me afeta bastante. Por isso a gente preferiu usar máscara“, contou a estudante.

Eu aderi usar mascara até pela saúde da minha filha, que é asmática, pelo bem-estar da gente mesmo”, explicou Mira Cabral. “Hoje, está insuportável, e eu achei melhor a gente comprar máscara. Até comecei a me sentir melhor, porque estava respirando mal mesmo. Se eu já vou ficando cansada, ela [a filha] principalmente, nem penso duas vezes antes de usar“.

Letícia Cabral e Mira Cabral; para quem tem problemas respiratórios, máscaras são essenciais. (Ricardo Oliveira/Revista Cenarium Amazônia)

A estudante Laís Eduarda também estava no Centro, acompanhava pela mãe e pela avó. As três se viram obrigadas a usar o acessório, que voltou a ser essencial após a pandemia da Covid-19. “Nós três temos problemas respiratórios, bem graves, então logo que a gente chegou aqui no Centro a gente já sentiu a fumaça, está bem forte. Não tem como aguentar, não“, afirmou ela.

A avó da estudante, Lane Melo explicou que além das máscaras, segue outra orientação dos médicos: “Costumo colocar o baldezinho com água“, explica, lembrando que a prática é utilizada para umidificar o ambiente.

Laís Eduarda (à esquerda), a avó e a mãe; máscara se tornou indispensável. (Ricardo Oliveira/Revista Cenarium Amazônia)
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Impactos na saúde

fumaça que cobre Manaus nas últimas semanas tem origem em queimadas na capital e em outras localidades do Amazonas. Os prejuízos à saúde se intensificam com o calor intenso desta época do ano, somado à redução da umidade do ar e à emissão de poluentes pela fumaça. O pneumologista David Luniere orienta quais sintomas podem surgir a partir das fumaças, e quais as medidas necessárias para se prevenir.

“Esses dois fatores, ar seco e poluentes no ar, fazem com que ocorra uma irritação da mucosa respiratória das pessoas, fazendo com que elas apresentem alguns sintomas, como tosse, dor ou desconforto torácico, queixa de sensação de falta de ar, percepção de chiado no peito, irritação na garganta, com presença de pigarro e rouquidão. Os olhos também não são poupados, podendo apresentar lacrimejamento, irritação no globo ocular, com vermelhidão e coceira”, explica.

Veja dicas de como evitar ou amenizar esses sintomas:

  • Umidificar o ar: usar o aparelho no ambiente domiciliar ou de trabalho, de preferência aqueles em que é possível trocar a água do aparelho. Em caso de não haver um umidificador, usar baldes ou panelas, com água dentro.
  • Nebulização, inalar ou fazer lavagem nasal com soro fisiológico: ideal para quem tem maior irritação na mucosa, principalmente de vias superiores (nasal), já que o ar seco pode levar ao aumento dos espirros e sangramentos.
  • Evitar a exposição ou contato ao poluente da fumaça: na rua, usar máscara para evitar aspiração dos macropoluentes da fumaça.
  • Uso de medicação regularmente: para quem tem alguma doença respiratória, usar regularmente e não apenas quando lembrar.
  • Quem não sofre de doenças pulmonares, mas apresenta sintomas pela exposição à fumaça: manter as janelas fechadas ou abrir a janela e ligar o ventilador para que circule o ar; nos veículos, também fechar a janela; uso de colírio lubrificantes no globo ocular, se em caso de irritação; procurar assistência médica em caso de sintomas mais intensos.

Editado por Eduardo Figueiredo