‘Garantir acesso à cultura é democratizá-la’, diz produtor do Casarão de Ideias

Nos estúdios da Cenarium, João Fernandes e Priscilla Peixoto (Emetério Jr./Agência Amazônia)

26 de maio de 2023

08:05

Mencius Melo – Da Agência Amazônia

MANAUS (AM) – O CENARIUM ENTREVISTA desta semana apresenta um bate-papo com o produtor João Fernandes, um dos nomes mais “badalados” dentre os coletivos e movimentos artísticos do Amazonas. Criador e gestor do “Casarão de Ideias”, espaço que fomenta cinema, literatura, música, artes plásticas, dança, entre outras formas de arte, João Fernandes se tonou referência no Centro Histórico de Manaus.

Entrevistado pela jornalista e apresentadora Priscilla Peixoto, João recordou as impressões do Amazonas quando ainda morava em Crateús, interior do Estado do Ceará. “As primeiras produções nas TVs abertas que nos chegavam eram imagens. Era muita água e muita música, em seguida vieram as imagens do Festival Folclórico de Parintins. Em 2002, vim para Manaus e cheguei em plena feira do Tururi e, no ano seguinte, resolvi vir para cá e me senti completamente acolhido, como se eu não fosse um estrangeiro”, recordou.

João Fernandes diante de plateia, na rua Barroso, durante o mais recente evento do Casarão de Ideias (Reprodução/Arquivo Pessoal)

João revelou que ao chegar em Manaus se instalou no centro da cidade, lugar que, segundo ele, sempre foi o ponto escolhido por onde passou. “Em Crateús, morava no centro, em Fortaleza, também, ao lado do Teatro José de Alencar e quando vim para Manaus passei a viver do lado do Teatro Amazonas, ou seja, sempre tive uma relação com o centro e, aqui, eu ando todo ele, vou ao mercado, sei o nome das ruas e isso me faz sentir que sou daqui”, afirmou.

O Casarão

Um dos momentos mais interessantes é quando o produtor cita o nascimento do “Casarão de Ideias”, lugar que passou a ser referência cultural. “Quando surgiu o Liceu de Artes Claudio Santoro passei a dar aulas de teatro e a montar grupos de teatro, foi nessa época que montei a Companhia de Ideias, um coletivo de teatro criado pelos anos de 2008. Tudo isso foi me dando uma relação de tranquilidade para fortalecer a cena, foi quando em 2010 fundei o Casarão de Ideias”, relembrou.

Ainda durante a entrevista, João Fernandes discorreu sobre as visões, enquanto agente cultural, e o papel que tem na dinamização da arte. “Garantir o acesso à cultura é democratizá-la. E, ao fazer isso, damos um horizonte para o poder público, que é quem tem poder para ocupar, por exemplo, todo o Centro de Manaus”, atestou. “Cheguei aqui há 20 anos e já encontrei prédios fechados e, até hoje, eles permanecem fechados. O Museu do Porto, por exemplo, eu nunca vi aberto”, criticou.

Instalação de redes em evento do Casarão de Ideias, na rua Barroso, Centro de Manaus (Reprodução/Arquivo Pessoal)

Para concluir, João Fernandes fez a defesa da cadeia da indústria cultural enquanto importante setor gerador de emprego e renda. “O Casarão usa de leis, mas as leis são uma ferramenta de busca, o que não quer dizer que eu vá encontrar um empresário que queira usá-la”, explicou.

Quanto à nova Lei Municipal de Cultura, aprovada pela Câmara Municipal de Manaus (CMM), João comentou: “Não acho que seja a melhor ferramenta centralizar a lei na mão do poder público. Acho que leis dão autonomia ao setor, mas, ainda vou me inteirar melhor sobre o documento”, ponderou.

Questionado sobre as expectativas para a cultura sobre o novo governo, ele responde: “São as melhores possíveis. Estamos em reconstrução, temos, novamente, o Ministério da Cultura. Temos novos projetos aprovados na Lei Rouanet. Já temos três editais. Temos a volta do Edital da Caixa Econômica, que passamos quatro anos sem. Ou seja, em 100 dias já vemos uma gigante movimentação para que o mercado da cultura volte e honre o PIB da cultura para o Brasil, que é maior que o automobilístico”, finalizou.

Veja a entrevista completa: