Governador do Amazonas diz que favorecimento do Exército a manifestantes bolsonaristas será investigado

'Se o Exército guardou ou deixou de guardar, deve apresentar seus motivos', declarou Lima (Jander Souza/CENARIUM)

16 de janeiro de 2023

19:01

Daniel Amorim – Da Agência Amazônia

MANAUS – O governador do Amazonas, Wilson Lima (União), afirmou nesta segunda-feira, 16, que será investigada a denúncia de favorecimento, por parte do Comando Militar da Amazônia (CMA), a apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro, retirados do acampamento na frente do quartel no início da semana passada.

O chefe do Executivo acrescentou que, caso as informações sejam comprovadas, representantes das Forças Armadas deverão apresentar os motivos do apoio prestado aos integrantes do ato antidemocrático.

Governador do Amazonas enfatizou que retirada dos manifestantes, realizada na segunda-feira, 9, foi marcada por tranquilidade (Jander Souza/CENARIUM)

O procedimento de desocupação foi tratado entre os órgãos de segurança do Estado, governo federal e Exército. São questões técnicas, tratadas por técnicos. Isso vai ser investigado. Se o Exército guardou ou deixou de guardar [objetos de manifestantes bolsonaristas], deve apresentar seus motivos“, declarou Lima durante cerimônia de entrega de veículos, armas e outros equipamentos às forças de segurança do Amazonas.

De acordo com documentos da Secretaria de Segurança Pública (SSP-AM) e da Procuradoria-Geral do Estado (PGE), militares teriam cedido o prédio do CMA para que os manifestantes guardassem material utilizado em protestos e negociado, individualmente, com os participantes, dentro do quartel, ao contrário do que foi definido em reunião.

O plano inicial previa que as negociações deveriam ser realizadas com a presença da Polícia Militar. Cabe ressaltar que o CMA participou de reuniões do Gabinete de Crise para alinhar ações com as forças de segurança.

Tivemos diálogo com todos os órgãos, sobretudo, o Exército, desde que as ocupações na frente dos quartéis começaram. Mantive conversas com o general [Achilles Furlan, chefe do CMA]. Ele foi muito solícito e se colocou à disposição. Nosso entendimento é que as manifestações precisam ser respeitadas, entendendo os limites estabelecidos pela Constituição. Aqui, no Amazonas, a gente conduziu da melhor maneira possível, evitando, inclusive, conflitos. Não houve nenhum disparo“, disse o governador.

Os documentos foram enviados à Casa Civil e ao Judiciário logo após o desmonte do acampamento, em 9 de janeiro. A Procuradoria informou a 1ª Vara Federal que “não houve qualquer auxílio das Forças Armadas à Polícia Militar para cumprimento da decisão“. Por isso, o Ministério Público Federal do Amazonas (MPF-AM) pediu que o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), apure o descumprimento da ordem de esvaziar os atos antidemocráticos na entrada do CMA.

Assista ao vídeo do depoimento do governador Wilson Lima:

Coletiva com o governador do Amazonas Wilson Lima (União) (Divulgação)