Indígenas Munduruku arrecadam recursos para comprar água potável no AM

Seca no Amazonas é maior em 121 anos (Torneira com água potável. (Arquivo/Agência Brasil))

29 de outubro de 2023

15:10

Yana Lima – Da Agência Amazônia

MANAUS – Na Terra Indígena Kwatá-Laranjal, próxima a Borba (a 151 quilômetros de Manaus), os rios se tornaram lama, deixando os indígenas da região sem acesso à sua principal fonte de subsistência: a água. Enquanto enfrentam uma estiagem sem precedentes, a comunidade está promovendo uma vaquinha online para arrecadar fundos a fim de adquirir água potável.

Campanha publicada em redes sociais (Imagem: Divulgação)

O drama vivido pelos Munduruku é apenas um exemplo de como a estiagem afeta de forma mais dura os indígenas e ribeirinhos, que têm uma dependência maior dos rios. “Até agora nosso povo não recebeu nenhuma ajuda dos poderes públicos e pedimos agora que possam olhar pelos povos da região”, afirma a nota.

Quem deseja contribuir pode fazer uma doação por PIX (chave: [email protected]).

Sobrevoo registra áreas de garimpos ilegais dentro da Terra Indígena Munduruku (Foto: Christian Braga / Greepeace)

Na Terra Indígena Kwatá-Laranjal, aproximadamente 2.500 indígenas vivem em 33 aldeias. A terra indígena está à margem direita do Rio Madeira, sudeste de sua foz.

Indígenas Munduruku (Foto: Rogério Assis/Greenpeace.)

O Rio Madeira é uma das principais vias de transporte do Amazonas. Em períodos normais, essa região é caracterizada pelo intenso fluxo de pessoas e mercadorias. Vários contêineres navegam pelo rio, que conecta a região ao Estado de Rondônia e à malha rodoviária brasileira. Porém, no contexto atual, essa navegação está reduzida a pequenas embarcações.

Após atingir seu nível histórico de seca, ao medir 1,10 metro, no dia 6 de outubro, o Serviço Geológico do Brasil (SGB) divulgou um novo boletim na terça-feira, 24, informando que o rio voltou a subir, e chegou à marca de 1,87 metro.

Vaquinha

Outra “vaquinha” aberta é a da plataforma VOAA, ligada ao instituto “Razões para Acreditar”. A campanha se chama “SOS AMAZÔNIA: milhares de animais mortos e comunidades isoladas sem alimentação devido às queimadas”. Embora a meta seja arrecadar R$ 200 mil, a 21 dias do fim do prazo, a vaquinha somente R$ 9.784,44.

Vaquinha arrecadou apenas R$9.784,44 até o momento. (Foto: Reprodução)

Nossa missão aqui é ajudar os grupos de voluntários que estão resgatando os animais e levando água e alimentos às comunidades ribeirinhos e indígenas que estão sem assistência e que dependem da pesca”, diz o texto de apresentação da vaquinha.

Seca

A forte seca no Amazonas agora afeta a todos os 62 municípios do Estado, segundo o boletim divulgado pela Defesa Civil estadual de quinta-feira, 26. São 60 os municípios que estão em situação de emergência, sendo que Presidente Figueiredo e Apuí, antes em situação de normalidade, agora se encontram em estado de atenção. Até o momento, 608 mil pessoas e 152 mil famílias foram afetadas pela seca deste ano.

Edição por Marcela Leiros

Revisão por Gustavo Gilona