Israelenses e palestinos no AM temem por segurança de familiares que vivem nos países

Bandeiras da Palestina e de Israel (Arte: Freepik)

11 de outubro de 2023

17:10

Yana Lima – Da Agência Amazônia

MANAUS (AM) – Mais de 10 mil quilômetros separam Manaus da Faixa de Gaza, centro dos mais recentes ataques entre Hamas e Israel. No Amazonas, israelenses e palestinos vivem em harmonia, e compartilham a tristeza e apreensão, por familiares e amigos próximos à região de conflito, e a esperança que um dia a paz seja possa ser rotina em seus países.

O presidente da Sociedade Árabe Palestina do Amazonas, Mamoun Imwas Manasra e o presidente do Comitê Israelita no Amazonas, David Vidal, enfatizaram a boa relação entre a comunidade palestina e a comunidade judaica no Amazonas. Para eles, essa convivência deveria servir de exemplo para o mundo.

Sinagoga de Manaus (Foto: Arquivo pessoal da família Benchimol)

“A nossa relação com os judeus do Amazonas é perfeita. São nossos amigos. Gostaríamos que o mundo seguisse nosso exemplo de convivência entre palestinos e judeus”, pontua o representante da comunidade palestina.

“Temos excelentes laços na sociedade amazonense, nos relacionamos bem com cristãos, muçulmanos, com religiões de matriz africana e indígena, vivemos aqui em harmonia e respeito há muito tempo. Entendemos que essa convivência harmônica pode servir de exemplo para outros lugares”, destaca o representante da comunidade israelita.

Centro Islâmico do Amazonas – Mesquita Manaus (Foto: Divulgação)

Antissemitismo

Além da origem geográfica, as comunidades palestina e israelense compartilham o sentimento de angústia perante os acontecimentos que se desenrolam desde o último sábado, 7, quando uma nova onda de violência atingiu a região, como relata o presidente do Comitê Israelita no Amazonas, David Vidal.

“São imagens chocantes de jovens fuzilados enquanto se divertiam, de pessoas sendo arrastadas à força, sequestradas e/ou torturadas, de foguetes e bombas explodindo em áreas civis. Todos estamos consternados e preocupados com a segurança e o bem-estar dos nossos familiares e amigos lá”, detalhou. Apesar disso, ele afirma que a maioria das pessoas da comunidade israelita não considera retornar ao Brasil devido ao conflito.

Oficial israelense ferido (Foto: Amir Cohen / Reuterss)

Vidal condenou veementemente os atos de violência e o antissemitismo que ainda persiste em várias partes do mundo. “É triste saber que os mais de 700 mortos em Israel são a maior quantidade de judeus mortos em um único dia desde o Holocausto. É revoltante ver que alguns grupos radicais aproveitam a situação para disseminar ódio e intolerância contra os judeus. Nós repudiamos esses atos de violência”, pontuou.

Desinformação e julgamentos

O noticiário sobre o conflito entre Israel e Palestina tem escancarado a dificuldade, principalmente da comunidade ocidental, de entender a complexidade deste conflito. O presidente da Sociedade Árabe Palestina do Amazonas, Mamoun Imwas Manasra, fez um apelo à sociedade amazônica: que não julgue sem compreender profundamente a causa palestina e o conflito israelo-palestino, que remonta a 1947.

Palestinos caminham em Gaza — Foto: Hassan Eslaiah/AP

“Quero pedir da sociedade amazônica que não julgue ninguém sem saber a verdade. Não adianta julgar e começar a falar mal dos palestinos. Não queremos que ninguém tome a dor, nem por nós, nem por eles, sem saber a verdade. E depois que você tem conhecimento, você pode julgar”, apela.

O representante expressou sua angústia pelo que chamou de injustiça na Palestina, citando que inúmeras resoluções da ONU e do Conselho de Segurança não foram cumpridas em favor do país.

Em tom de desabafo, Manasra apontou para a influência dos israelenses nos Estados Unidos e nos meios de comunicação ocidentais como uma das razões pelas quais as resoluções em favor da Palestina muitas vezes não são aplicadas.

Fumaça após ataque israelense em Gaza (Foto/Reuters).

“Todos no mundo estão assistindo a essa situação, mas ninguém parece reagir. Por que isso acontece? Porque, na realidade, parece que nada está sendo feito. Existem milhares de resoluções da ONU e do Conselho de Segurança que apoiam a Palestina, mas nenhuma delas parece ter sido efetivamente implementada. Isso nos faz questionar por quê. Uma razão é que os israelenses têm uma influência significativa nos Estados Unidos, na mídia ocidental e em todo o mundo, o que lhes permite agir e desfazer as coisas de acordo com seus interesses”, desabafou.

Resgate de brasileiros

Manasra afirmou que há um plano de emergência para resgatar a comunidade palestina, incluindo os brasileiros que vivem na Palestina – onde, segundo ele, há quase 7 mil compatriotas. “Até o momento, organizamos praticamente quatro voos que estão programados para partir do Brasil nos próximos dois dias, com o objetivo de evacuar e realocar os palestinos brasileiros que estão na Palestina. Também estamos fazendo o possível para prestar assistência nesse processo”, pontuou.

Lugar seguro

Questionado sobre famílias que tenham fugido para o Amazonas, David Vidal destaca que apesar do ato terrorista, Israel é um local seguro. “Acredito que continuará sendo. Israel é um País moderno, tem uma economia baseada em tecnologia e inovação. Não tenho notícias de pessoas que foram para lá voltando por medo nos últimos anos. É possível que após esses atos terroristas algumas pessoas pensem em deixar o País, mas não tenho notícias disto até este momento”, pontuou.

A Embaixada Brasileira em Tel Aviv colheu, por meio de formulário “online”, os dados de cerca de 1.700 brasileiros que externaram interesse em sua repatriação, a maioria dos quais turistas, hospedados em Tel Aviv e Jerusalém. Os candidatos à repatriação serão acomodados em listas de prioridade. Em um primeiro momento, deverão ser priorizados os residentes no Brasil, sem passagem aérea. O governo brasileiro estima retirar 900 brasileiros da região somente nesta sema

Editado por Eduardo Figueiredo