Janeiro violento: no AM, Parintins fecha o mês com registros de assaltos, torturas e seis homicídios

Conhecida, mundialmente, pelo talento de seus artesãos e pelo belo festival dos bois, Parintins vive uma onda de violência no início de 2023 (Reprodução/Blogspot)

31 de janeiro de 2023

21:01

Mencius Melo – Da Agência Amazônia

MANAUS – Um início de ano violento na terra de Garantido e Caprichoso. Segundo informações do titular do Distrito Integrado de Polícia (DIP/Parintins), Adilson Cunha, a ilha tupinambarana (distante 369 quilômetros de Manaus) encerra janeiro com um número elevado de crimes. “Foram seis homicídios, uma tentativa de homicídio e um homicídio culposo no trânsito.”

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O mês fecha com casos de assaltos, torturas e acertos de contas. Somente nos primeiros quinze dias deste ano, foram três assassinatos que vitimaram João Rodrigues de Souza, de 28 anos, Argemiro Souza Lopes, 42, e Maike Figueiredo de Oliveira, 19 anos.

A técnica Mara Nascimento morreu no lugar do filho e Frank de Oliveira foi torturado e estrangulado (Reprodução/CNA7)

O fato mais recente foi a morte da técnica de enfermagem Mara Nascimento, na última segunda-feira, 30, atingida com um tiro, após se colocar na frente do filho que seria executado por dois homens que invadiram a casa da técnica à procura do filho dela, um rapaz conhecido como Neto Nego Drama.

Além do assassinato de Mara Nascimento, um outro caso chamou atenção da população na noite de segunda. O corpo de um homem de 38 anos, identificado como Frank Ferreira de Oliveira, foi encontrado no Ramal dos Reis, comunidade localizada na estrada do Aninga, noroeste de Parintins.

De acordo com a publicação do portal Central de Notícias da Amazônia, o corpo estava envolto em um lençol, com pés e mãos amarrados, e com sinais de tortura. Em entrevista ao CNA7, o técnico em necropsia, Benedito Pimentel, disse que “Frank foi estrangulado e o corpo tem sinais de tortura“.

Retaliação

De acordo com o delegado Adilson Cunha, a morte de Mara Nascimento foi um acontecimento lamentável. “Infelizmente, no crime de ontem, uma vítima acabou perdendo a vida no momento em que ia ver os disparos que eram para acertar o filho. O filho foi autor de um roubo ocorrido um dia antes”, explicou.

O delegado observou também que o assassinato de Mara Nascimento, ainda que de forma acidental, pois o alvo era seu filho, revela uma possível retaliação do próprio comparsa de Neto Nego Drama. “Eles fizeram um assalto, um dia antes, e nessa ação o parceiro perdeu a moto“, observou Cunha. “Isso, provavelmente, motivou a tentativa de assassinato dele, que teve a mãe como vítima”, completou.

Parintins é uma cidade considerada pacata e a rotina do município se altera somente na semana do festival folclórico de Garantido e Caprichoso (Reprodução/portalmarcossantos)

Questionado sobre a origem da onda de crimes, em Parintins, no início de 2023, Adilson Cunha foi taxativo: “Os deste mês, são a maioria por envolvimento com drogas”, afirmou o titular da DIP/Parintins. Ainda de acordo com ele, o crime organizado está há tempos presente na realidade de Parintins. “O crime organizado não chegou, agora, ele já existe há tempos”, lamentou.

Prisão

Mesmo com o choque decorrido dos crimes, a população de Parintins teve um alento. O delegado Adilson Cunha e sua equipe capturaram Renan dos Santos Pereira, de 21 anos, em menos de 24 horas. Renan é um dos acusados de invadir a casa de Mara Nascimento para executar Neto Nego Drama. “O mesmo foi preso em flagrante em uma área de várzea. Ao ser preso pela equipe da Polícia Civil, ele confessou o crime e relatou que o alvo seria o filho da vítima. No imóvel em que ele se encontrava também foi encontrado drogas e, por isso, ele também foi autuado por tráfico”, adiantou o delegado.

Ainda segundo Adilson, Renan já tinha passagem pela polícia e, conforme Cunha, era para estar fora de circulação por conta da ficha de crimes. “O Renan dos Santos já tinha passagem por vários crimes, e há um mês sua prisão já tinha sido representada pela autoridade policial de Parintins, mas foi negada pela Justiça”, comentou.

AGÊNCIA AMAZÔNIA entrou em contato com a assessoria da Secretaria de Segurança Pública (SSP) para solicitar informações quanto aos dados da violência no município, mas até a publicação desta matéria a solicitação de demanda não teve retorno.