‘Justiça por Dom e Bruno’: repercussão do caso mobiliza personalidades nas redes sociais

Repercussão do caso Dom e Bruno mobilizou personalidades nas redes sociais (Marcela Leiros/Agência Amazônia)

16 de junho de 2022

16:06

Eliziane Paiva – Da Agência Amazônia

MANAUS – ‘Hoje, se inicia nossa busca por justiça’, disse Alessandra Sampaio, esposa de Dom Phillips, no Twitter. Nas redes sociais, uma grande mobilização acontece entre figuras públicas da sociedade que manifestam grande pesar pelo jornalista morto no “Mês da Liberdade de Imprensa no Brasil” e pelo indigenista que foi um dos principais estudiosos dos povos indígenas no País.

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A esposa do indigenista Bruno Pereira, a antropóloga Beatriz Matos, compartilhou, no Twitter, nesta quinta-feira, 16: “Agora que os espíritos do Bruno estão passeando na floresta e espalhados na gente, nossa força é muito maior”.

A deputada federal indígena Joenia Wapichana (Rede Sustentailidade) disse que espera que o desfecho do caso que resultou na morte de Bruno Pereira e Dom Phillips não fique impune.

“Espero que a cruel morte de Bruno Pereira e Dom Phillips não fique impune, que haja justiça e que os povos indígenas do Vale do Javari recebam a devida e urgente atenção. Meus sentimentos de conforto aos familiares de Bruno e Dom. Seguimos em luto e em luta por Bruno e Dom.”

O governador do Amazonas, Wilson Lima, também se pronunciou e demonstrou solidariedade com as famílias das vítimas.

“Lamento profundamente o triste desfecho do caso do indigenista Bruno e do jornalista Dom. Minha solidariedade às famílias. Agradeço a todas as forças de segurança, em especial aos nossos homens do Corpo de Bombeiros e das Polícias Civil e Militar, que foram decisivos nas buscas.”

Em nota, o Greenpeace Brasil lamentou o ocorrido com as vítimas, “o Brasil está mergulhado em um contexto que beira a barbárie e esse cenário não pode seguir avançando. Repudiamos tal ato de violência e exigimos urgentemente justiça por Bruno e Dom”, compartilhou a organização no Twitter.

Em nota à imprensa, o deputado federal Marcelo Ramos (PSD) opinou: “A violência existe em todo lugar, mas se consolida quando falta a presença do Estado e subjuga a sociedade quando o governo se faz cúmplice do crime por ação ou omissão. Na Amazônia, a narrativa permissiva do presidente da República com criminosos – garimpeiros ilegais, grileiros de terras, milícias armadas, desmatadores ilegais, agressores de populações indígenas e ribeirinhas – gera uma permissividade e uma certeza da impunidade que mata. Outras mortes já ocorreram na Amazônia, como Chico Mendes (governo Sarney) ou Dorothy Stang (governo Lula), mas todas foram veementemente repudiadas pelo presidente da República. Jamais um presidente teve a insensibilidade e a insensatez de declarar que um dos assassinados era ‘malvisto na região’ por fazer ‘matérias contra garimpeiros’ ou ousou colocá-los na condição de culpados por partirem para uma ‘aventura’ em uma ‘área selvagem’”, disse.

“A tragédia com Dom e Bruno nos sensibiliza e nos alerta. Como brasileiros e como cristãos nos ressentimos pela incapacidade do Estado Brasileiro de proteger Dom, Bruno, mas também a incapacidade de proteger as populações indígenas, os ribeirinhos e muita gente simples que não vira notícia de jornal, como meu amigo Tuta, desaparecido com seu irmão e mais duas pessoas nas águas do Rio Purus, nas proximidades do município de Ipixuna”, escreveu o parlamentar.

Marcelo Ramos afirmou que a forma que o Brasil tem de pedir desculpas a Dom e Bruno é repudiando quem é tolerante com o crime, protegendo o jornalismo livre e independente, e garantindo segurança às populações tradicionais. “Importante lembrar que na área do Vale do Javari (município de Atalaia do Norte, o 3º pior IDH do Brasil) não falta só segurança! Falta comida, falta escola, falta hospital, falta Brasil”, concluiu o deputado.