Longe da posse e da gestão de Lula, Eduardo Braga dá sinais de desprestígio em Brasília

Eduardo Braga (MDB-AM) é líder do partido no Senado (Reprodução/Redes Sociais)

04 de janeiro de 2023

19:01

Paula Litaiff – Da Agência Amazônia

MANAUS – Ministro do governo petista (2015-2016), o senador Eduardo Braga (MDB-AM) dá sinais de falta de prestígio no terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Braga não foi visto na posse do chefe do Executivo, não foi inserido em ministérios e não mostra força para indicar o segundo escalão do novo governo federal.

O senador foi candidato ao Governo do Amazonas, no ano passado, pleito no qual saiu derrotado mesmo com o apoio do presidente. No Estado amazonense, Lula registrou 51,10% contra 48,9% de Jair Bolsonaro (PL), no segundo turno. As lideranças que apoiavam o presidente, no Amazonas, se dividiram sobre o apoio a Braga. O senador terminou o segundo turno com 43,35% para 56,65% do governador reeleito, Wilson Lima (União).

Braga é, atualmente, líder do MDB no Senado. Na leitura do advogado e analista político Helso Ribeiro, o aparente afastamento de Braga pode se dar em decorrência de mágoas dos membros do Partido dos Trabalhadores (PT).

Senador Eduardo Braga (MDB) e o presidente Lula (PT) (Reprodução/Instagram)

“Não podemos negar que no Congresso Nacional ele é uma das cem cabeças importantes. É fato que há uns que gostam e outros que odeiam o senador, isso é até normal. Em resumo, uma ala mais tradicional do PT não gosta dele ter sido ministro da ex-presidente Dilma, em um primeiro momento se abster, e depois votar no impeachment dela. Ficou parecendo uma traição”, avalia Helso.

O advogado entende, ainda, que a ausência de Eduardo Braga nas decisões da política nacional impacta, negativamente, na liderança dele no Amazonas. “Penso que o MDB do Amazonas é muito centrado na figura de Braga, tanto que se formos ver as últimas eleições, os resultados foram pífios”.

Saída ministerial

Eduardo Braga atuou como ministro de Minas e Energia entre dezembro de 2014 a abril de 2016, quando entregou o cargo para a presidente Dilma Rousseff. À época, o então ministro, que já integrava a sigla do PMDB, partido do também então vice-presidente Michel Temer, alegou licença médica e declarou que não participaria da votação do processo de impeachment da presidente.

Saio com a sensação de que fizemos muito. Chegamos, aqui, debaixo de uma grande crise de fornecimento de energia, crise hidrológica, de tarifas, situação econômica de liquidação de curto prazo, vivendo um momento dramático, as distribuidoras tendo graves e sérias dificuldades. E nós vencemos essas etapas, uma a uma e, agora, estamos tratando de dar oportunidade para esses programas continuarem“, declarou, na época, Braga.

Em julho do mesmo ano em que deixou o ministério, Braga voltou na decisão de abstenção e decidiu que iria votar pelo impeachment de Dilma Rousseff, um mês depois, em 30 de agosto de 2016. A petista teve o mandato cassado por 61 votos a 20 e Eduardo Braga integrou a lista dos 61 nomes que votaram favoráveis à cassação de Rousseff.

Derrotas consecutivas

Desde quando deixou o segundo mandato consecutivo de governador do Amazonas (2003-2010), Braga tentou voltar ao cargo e não conseguiu. Antes de 2022, ele perdeu a eleição estadual no Amazonas para o seu “pai político”, Amazonino Mendes (Cidadania), em 2017, que obteve vitória na eleição “tampão”, após a cassação do ex-governador José Melo.

Em 2018, Braga quase perde o mandato de senador do Amazonas para o ex-deputado do Amazonas Luiz Castro (PDT), após os escândalos envolvendo o nome dele na operação Lava Jato, na qual foi delatado por suspeitas no governo estadual. Na luta pela segunda disputa, Braga começou perdendo na apuração de votos para Castro, e terminou vencendo com uma diferença de 0,79%.

A REVISTA CENARIUM tentou contato com a assessoria do senador, mas não obteve retorno.