Ministério Público deve investigar aumento abusivo do preço de combustíveis em Manaus

Em Manaus, Vereador Rodrigo Guedes ingressa com representação no MP contra aumento ilegal no preço da gasolina. (João Pedro Sales/Procon-AM)

12 de março de 2022

20:03

Malu Dacio – Da Revista Cenarium

MANAUS – O Ministério Público do Estado do Amazonas (MPAM) recebeu uma representação criminal contra a cobrança abusiva nos preços dos combustíveis que começaram a ser praticados na quinta-feira, 10, antes mesmo da data prevista para o efetivo aumento na venda da Petrobras às distribuidoras, na sexta-feira, 11.

A ação ingressada pelo vereador Rodrigo Guedes (PSC) denuncia as irregularidades no comércio dos combustíveis, como noticiou a REVISTA CENARIUM na última quinta-feira, 10. Os amazonenses foram surpreendidos com a repentina mudança no valor dos combustíveis. Alguns postos de gasolina ofereceram o combustível no valor de R$ 7,19. O vereador denunciou também que visitou postos que chegaram a vender a gasolina por R$ 7,49.

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À REVISTA CENARIUM, o vereador disse que a representação aconteceu primeiramente porque os postos de combustível praticaram o valor antes do período previsto. “Antes do aumento da Petrobras, no valor de R$0,90 e até R$1. É uma prática ilegal, uma prática abusiva que o Código de Defesa do Consumidor proíbe no artigo 39. Configura-se a obtenção de vantagem manifestamente excessiva na relação de consumo”, explica o vereador.

O vereador Rodrigo Guedes criticou o aumento antes da data prevista. (Divulgação)

Guedes disse também que os postos se valeram de uma informação pública de que haveria o ajuste da Petrobras para aumentar mesmo antes desse produto chegar na bomba. “Ou seja, bem mesmo antes da compra do posto. É uma prática ilegal, é uma prática inclusive criminosa. É um crime contra a relação de consumo que também está no código de defesa do consumidor. Isso não pode ser tolerado. Isso é muito grave, é mais grave do que parece”, critica o vereador.

Rodrigo defende que a gravidade não acontece apenas pelo valor arrecadado. “É por você simplesmente lesar toda a sociedade e ignorar inclusive o poder público. O estado, por si só, não pode permitir esse tipo de situação”, disse.

O vereador afirmou que espera que o Ministério Público abra um inquérito criminal e cível. “Que todos os postos que aumentaram – seja no dia anterior ao aumento praticado pela Petrobras, seja antes desse aumento chegar na sua bomba, ou seja, antes deles comprarem ao valor mais alto, sejam rigorosamente punidos. A gente não pode tolerar esse tipo de situação mais”, finalizou o vereador.

Representação

No documento ingressado pelo vereador de Manaus, direcionado ao Procurador-Geral de Justiça do Estado do Amazonas, Dr. Alberto Rodrigues do Nascimento Júnior, ele defende que a parcela da Petrobras no preço ao consumidor final estaria em, média, R$ 0,44 por litro, o que não aconteceu.

“Os postos estavam comercializando combustível já comprado anteriormente, sem os valores do reajuste e vendendo acima, inclusive, do valor com reajuste que seria conforme o divulgado pela refinaria em 0,61 centavos, valendo-se da estratégia de que o consumidor dependente do produto para locomoção não poderia deixar de adquirir independente do valor. Passaram, em massa, a vender a R$ 7,59 por litro, aumentando, sem justificativa, antecipadamente de forma totalmente arbitrária em mais de 0,89 centavos em questão de horas”, diz trecho do documento disponível na íntegra abaixo.

O texto aponta crime grave contra o consumidor, apresentando elementos na prática de lucro abusivo no preço da gasolina, infringindo a ordem econômica e às regras de consumo. Segundo o documento, a prática se caracteriza como violação do direito básico do consumidor em receber adequadamente o fornecimento de produtos mediados pelas empresas públicas.