Na região Norte, Pará e Amazonas lideram vagas para o ‘Mais Médicos’

Programa 'Mais Médicos' volta com força total e prioriza médicos brasileiros que queiram atuar nos espaços de mercado contemplados pelo programa federal (Reprodução/Araquém Alcântara)

25 de abril de 2023

21:04

Mencius Melo – Da Agência Amazônia

MANAUS – O Estados do Pará e Amazonas lideram a reserva de vagas no programa Mais Médicos para o Norte do país. Com 478 vagas para o Amazonas e 644 para o Pará, o programa prevê atender 57 municípios no Amazonas e 123 no Pará. Os números estão no Edital nº 4 do “Mais Médicos” publicado no Diário Oficial da União (DOU). De acordo com o edital, oito Estados têm previsão de receber mais de 300 vagas do programa. São eles: São Paulo (1.043), Pará (644), Rio Grande do Sul (552), Amazonas (478), Minas Gerais (402), Paraná (338), Ceará (330) e Bahia (303).

Entre os munícipios do País, Manaus é a que mais dispõe de vagas, ao todo são 256 profissionais previstos para a capital do Amazonas. O número é superior à cidade de São Paulo, a mais populosa do Brasil. Para a capital paulista, estão reservadas 150 vagas. Belém fica com 62 vagas. No Amazonas, 37 municípios terão, no mínimo, três vagas reservadas. Os demais possuem número maior como Manaus, Coari e Benjamim Constant, com 11 vagas. Parintins e Santa Isabel do Rio Negro, com nove vagas. Borba, São Paulo de Olivença e Tefé completam, com oito vagas.

Uma das dificuldades do programa, é encontrar profissionais que queiram atuar em áreas distantes dos grandes centros urbanos (Reprodução/Poder360)

Criticado e extinto no Governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), O “Mais Médicos” foi acusado de ser um “conluio com Cuba”. Por trazer médicos cubanos que ocuparam vagas que profissionais brasileiros recusaram. De volta no Governo Lula, o programa prioriza os profissionais formados no Brasil. De acordo com edital: “A prioridade no Mais Médicos é para profissionais formados no Brasil. Se sobrarem vagas, podem ser acionados brasileiros formados no exterior. Se ainda assim não forem preenchidos todos os postos, haverá espaço para médicos estrangeiros estabelecidos no Brasil e, por último, para médicos estrangeiros”, definiu o texto.

Estímulo

O secretário de Atenção Primária à Saúde do Ministério da Saúde, Nésio Fernandes, declarou que o novo programa de recrutamento para profissionais de saúde no Brasil vem com medidas estimulantes para que a população tenha acesso a uma medicina social mais robusta. “O novo Mais Médicos vem com um conjunto de medidas e vantagens para estimular médicos formados no Brasil a atuarem na atenção básica e se especializarem durante um período de atuação neste nível de atenção”, declarou.

Uma das premissas do ‘Mais Médicos’ é levar atendimento às populações dos rincões brasileiros (Reprodução/Araquém Alcântara)

Em entrevista para a AGÊNCIA AMAZÔNIA, o médico Nicolás Heufemann, Supervisor do Programa Mais Médicos no Amazonas, destacou que é preciso reconstruir o programa pela importância de sua abrangência e as políticas aplicadas. “O ‘Mais Médicos’ é um marco de civilidade no PaÍs. É um programa de alta importância porque há 10 anos é um projeto que vai além da alocação de médicos em municípios ou cidades, onde há a dificuldade de fixação de profissionais, ele é um projeto que discute a estrutura curricular dos cursos de medicina, a expansão desses cursos e a interiorização das universidades”, observou.

O coordenador criticou o desmonte do programa no Governo Bolsonaro. “Em quatro anos de governo negacionista, eles fizeram de tudo para acabar com o programa. Eles criaram o ‘Médicos pelo Brasil’ com uma forte tendência para médicos que tinham o CRM (registro no Conselho Regional de Medicina) e a experiência para o Amazonas não foi boa porque os médicos com CRM não querem ir para área indígena, rural, ribeirinha, para municípios nas calhas dos rios. Estive semana passada em Santa Isabel do Rio Negro e, das quatro vagas de médicos do programa ‘Mais Médicos’, todas estavam vagas”, lamentou.

Na Amazônia o objetivo do programa é levar profissionais médicos às calhas de rios, por exemplo (Reprodução/Araquém Alcântara)

Nicolás observou o caráter social do programa. “Onde existe o ‘Mais Médicos’, há melhorias do componente de saúde, de acesso aos cuidados e a vida como um todo, melhora e quem diz isso são estudos. Em dez anos, não vi nenhum prejuízo aos médicos brasileiros. Não há ocupação de vagas onde o médico com CRM poderia estar, até porque a reserva de mercado é mesquinha, mas a verdade é que o campo de atuação é enorme, principalmente na região Norte do Brasil, que tem um percentual de médicos aquém do desejado pela Organização Mundial de Saúde (OMS)”, criticou.

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