‘Não queremos fazer a COP como Dubai’, afirma Helder Barbalho

Governador do Pará, Helder Barbalho (Foto: Composição/Paulo Dutra/Cenarium)

06 de maio de 2024

22:05

Filipe Távora – Da Revista Cenarium*

Manaus (AM) – O governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), mandou recado público para quem não quer ir à Conference of the Parties (COP30), em 2025, devido à falta de infraestrutura de Belém, capital paraense. “Não queremos fazer a COP como fez Dubai, com seus grandes prédios. Quem queria hotel seis estrelas, quem queria prédio de 50, 70 andares teve a oportunidade de viver essa experiência no ano passado, em Dubai”, disse.

O governante declarou, também: “Agora quem quiser ver os grandes rios, as grades árvores e ver os povos da floresta será em Belém do Pará a COP das florestas, a maior experiência ambiental de todas as COP”.

O governo federal anunciou que a Itaipu Binacional investirá R$ 1,3 bilhão em Belém do Pará, que será sede da COP30, conferência do clima da Organização das Nações Unidas (ONU) em 2025.Segundo o Executivo federal, este será o maior aporte financeiro da empresa fora de sua área de abrangência, que envolve 399 municípios do Paraná e 35 do Mato Grosso do Sul.

Crise do lixo

Belém e Santarém, localizadas no Estado do Pará, estão entre as dez cidades com os piores índices de saneamento básico no Brasil. Esta é a conclusão do Ranking do Saneamento 2024, divulgado nesta quarta-feira, 21, pelo Instituto Trata Brasil. A cidade-sede da COP30 foi classificada em 93º lugar na classificação geral. Cinco das dez últimas posições no ranking são ocupadas por cidades da região Norte do País.

O marco legal do saneamento estabelece como metas de universalização – até 31 de dezembro de 2033 – o atendimento de 99% da população com água potável e de 90% dos habitantes com coleta e tratamento de esgoto.

De acordo com o ranking, Belém apresentou um bom resultado de pessoas com acesso à água tratada, apresentando 95,52%. Santarém, por outro lado, apresentou apenas 48,8%, ainda muito longe do ideal definido pelo marco legal de saneamento. Os dados mais preocupantes foram referentes à coleta de esgoto, com Belém apresentando 19,88% e Santarém apenas 3,81%.

“Temos menos de 10 anos para cumprir o compromisso de universalização do saneamento que o País assumiu para com os seus cidadãos. Ainda assim, cinco capitais da região Norte e três da região Nordeste não tratam sequer 35% do esgoto gerado. Neste ano, de eleições municipais, é preciso trazer o saneamento para o centro das discussões”, destacou Gesner Oliveira, Sócio Executivo da GO Associados.

A 16ª edição do Ranking do Saneamento, publicada pelo Instituto Trata Brasil (ITB), em parceria com GO Associados, teve o foco nos 100 municípios mais populosos do Brasil. Para produzir o ranqueamento, foram levados em consideração indicadores do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), ano-base de 2022, publicado pelo Ministério das Cidades.

100- Porto Velho – RO

99 – Macapá – AP

98 – Santarem  – PA

97 – Rio Branco – AC

96 – Belford Roxo – RJ

95 – Duque de Caxias – RJ 

94 – São Gonçalo – RJ

93 – Belém – PA 

92 – Várzea Grande MT 

91 – Juazeiro do Norte – CE

A pesquisa também revelou que um aumento nos investimentos resulta em melhorias consideráveis nos índices de saneamento básico. Porém, em Belém, entre os anos de 2018 e 2022, o investimento médio anual em saneamento por pessoa é de R$ 106,92, equivalendo a menos da metade do valor médio nacional necessário para alcançar a universalização, fixado em R$ 231,09 por habitante ao ano.

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(*) Com informações de Folha Press