No Acre, Prefeitura de Tarauacá extraiu barro ilegalmente em local onde criança morreu soterrada

Área de extração ilegal de barro em Tarauacá pertence ao Exército Brasileiro (Reprodução)

13 de dezembro de 2022

13:12

Ívina Garcia – Da Agência Amazônia

ACRE – Após a morte de criança de 12 anos soterrada em barreiro clandestino, o Ministério Público do Acre (MP-AC) concluiu que houve crime de extração ilegal de barro por parte da Prefeitura de Tarauacá no local.

O acidente ocorreu em junho deste ano, no bairro Ipecaconha, e resultou na investigação por parte do MP, que confirmou não haver licença para extração mineral na região. O Centro de Apoio Operacional de Defesa do Patrimônio Histórico e Meio Ambiente (Caop-Maphu) e o Instituto de Meio Ambiente do Acre (Imac) vistoriaram o terreno na época e realizaram levantamento de documentos de licença.

Local onde criança morreu era usado para extração ilegal por parte da Prefeitura de Tarauacá (AC) (Reprodução)

Conforme apurado, houve a prática de crime ambiental previsto no art. 55 da Lei de Crimes Ambientais, pois a Prefeitura executou a extração de recursos minerais sem a competente autorização, permissão, concessão ou licença, ou em desacordo com a obtida.

Além da extração ilegal, o barro ainda foi retirado de terreno pertencente à União. O local faz parte do loteamento do Comando do Exército – 61º BIS. O MPAC instaurou procedimento preparatório em desfavor da prefeita Maria Lucinéia Nery e do secretário municipal de Obras, Antônio Rosenir Artêmio, a fim de aprofundar a investigação dos fatos.

Foram apuradas outras ações da Prefeitura que mostram a utilização ilegal de outras três áreas: uma localizada em BR-364, Vila Corcovado, sem qualquer licença, e outras duas, localizadas na BR-364 no km 02 e km 01, com licenças vencidas, que se encontravam irregulares.

Área de extração ilegal de barro em Tarauacá pertence ao Exército Brasileiro (Reprodução)

De acordo com a revista técnica feita pelo Imac, às fls. 49, que chegou até a aplicar devidas multas à Prefeitura Municipal, circulando em um valor de R$ 10 mil para área sem licença da Vila Corcovado, além do embargo, enquanto uma das duas áreas com licença vencida foram foi embargada e a outra notificada”, diz um trecho do documento.

Solicite-se informações ao Ministério Público Federal (MPF), a fim de levantar informações atualizadas acerca da apuração de eventual crime praticado em área do 61º BIS, identificando-se qual procurador da República foi designado”, conclui o documento assinado pelo promotor de Justiça Júlio César de Medeiros.