No AM, greve dos professores chega ao fim após governador revelar manobra política

Eduardo Braga e os líderes do movimento grevista da educação no Amazonas (Reprodução/Redes Sociais)

02 de junho de 2023

17:06

Da Revista Cenarium

MANAUS – Ao contrário do que informaram os membros do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Amazonas (Sinteam), não foram os sindicalistas que colocaram fim à greve dos professores no Estado nesta sexta-feira, 2 de junho, mas os próprios funcionários voltaram ao trabalho após o governador do Amazonas, Wilson Lima (UB), adotar medidas e se posicionar na quinta-feira, 1° de junho, sobre o movimento grevista, considerado ilegal pela Justiça.

Em coletiva à imprensa, Lima definiu três ações que colocaram fim à paralisação: reajuste de 8% para categoria e aumento no percentual de benefícios, abono de faltas de professores grevistas que retornassem ao trabalho até segunda-feira, 5, e aplicação de medidas a sindicalistas que estivessem usando os servidores da Secretaria de Educação (Seduc-AM) como instrumento de manobra política no Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Amazonas.

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Presidenta do Sinteam, Ana Cristina Pereira Rodrigues, é filiada ao PCdoB e apoiou o senador Eduardo Braga (MDB-AM) nas eleições do ano passado, pleito em que o senador foi derrotado por Wilson Lima. Cristina também é aliada do deputado federal Sidney Leite (PSD-AM), ligado ao senador do MDB e oposicionista ao governo. Braga e Leite passaram a acompanhar a greve dos professores, considerada ilegal pela Justiça, em meio a tratativas sobre o pagamento da data-base dos servidores da Seduc, iniciado em fevereiro deste ano.

O governador informou que tentou resolver as demandas dos servidores da Seduc com membros do Sinteam, em maio, das quais ficaram definidas que ele atenderia, parcialmente, as reivindicações levadas pelo Sinteam, com base na capacidade de absorção de pagamento do Estado. Na última vez, Lima informou que aceitou 15% dos 25% de reajuste da categoria. Dirigentes prometeram conversar com a categoria para aceitar a proposta e, em assembleia, com servidores, deram outro direcionamento e as negociações paralisaram.

“Não é justo que isso continue acontecendo no Estado do Amazonas. Esse tipo de coisa eu não vou permitir que aconteça, que faça uso político de um movimento de gente que se diz representante dos professores e que tenta usar os profissionais da educação como massa de manobra”, disse Wilson Lima na coletiva de ontem.

O governador do Amazonas, Wilson Lima, durante anúncio do reajuste dos profissionais da educação (Divulgação/Secom)

Hoje, técnicos da Seduc informaram, à imprensa, que 85% dos professores retornaram ao trabalho e os ausentes prometeram voltar às salas de aula, na próxima segunda-feira, 5 de maio, conforme condicionado pelo governador Wilson Lima. Nas escolas visitadas pela REVISTA CENARIUM, servidores que voltaram a trabalhar informaram que não tinham informação sobre a ligação política de membros do Sinteam.

Grupo político

No último sábado, 27, Eduardo Braga publicou, nas redes sociais, uma imagem ao lado de representantes da greve dos professores da rede estadual de ensino. O encontro, segundo o parlamentar, ocorreu no sábado, 27. “Conversamos sobre os prejuízos econômicos que a categoria acumula e a baixa qualidade na educação no Amazonas”, escreveu o senador na legenda da foto.

Publicação do senador Eduardo Braga (Reprodução/Instagram)

Oposicionista ao Governo do Amazonas, o deputado federal Sidney Leite compartilhou vídeo na rede social Instagram, no qual aparece ao lado da presidenta do Sinteam, Ana Cristina Rodrigues. Nas imagens, o político fala em tom crítico sobre repasses aos professores do Estado, juntamente com Rodrigues e demais membros do sindicato.

Outro lado

Em nota coletiva de imprensa, os dirigentes do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Amazonas (Sinteam) informaram que não usam o sindicato como instrumento de manobra política.