‘O mundo espera o Brasil’, declara presidente Lula em discurso de posse

Em seu discurso, Lula reafirmou o compromisso com a democracia e as liberdades, cobrou responsabilidades e reforçou os símbolos de sua marca política como estadista (Ricardo Stuckert/Reprodução)

01 de janeiro de 2023

17:01

Mencius Melo – Da Agência Amazônia

MANAUS – Às 14h56, no horário de Brasília, o presidente eleito do Brasil Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e seu vice Geraldo Alckmin (PSB) tomaram posse no Congresso Nacional. A posse foi comandada pelo presidente do Congresso Nacional (CN), senador Rodrigo Pacheco, na presença do 1° secretário do CN, Luciano Bivar, a presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) ministra Rosa Weber e o procurador-geral da República Augusto Aras.

A potência do País e a retomada de um Brasil de todos esteve nos diversos pontos destacados pelo presidente. “O mundo espera o Brasil. Vamos governar com a força do povo e as bênçãos de Deus, e haveremos de reconstruir esse País. Muito obrigado“.

Homenagem

No início de sua fala, Lula relembrou uma caneta presenteada por um piauiense, em 1989. Era para que ele assinasse a posse como presidente, naquela eleição. “Eu não ganhei em 1989. Não ganhei em 1994. Não ganhei em 1998. Ganhei em 2002. Ganhei em 2006 e assinei com outras canetas e, agora, eu reencontrei a caneta e assino esse documento fazendo homenagem ao povo do Piauí”, relembrou sob aplausos.

Após a assinatura, Lula fez um discurso síntese do governo que ele pretende fazer com seu vice Geraldo Alckmin. “Pela terceira vez, volto a governar o Brasil e agradeço o voto de confiança. Agradeço a sociedade e a democracia, porque nunca a máquina pública foi tão utilizada a serviço de um lado. Nunca a máquina pública foi usada a serviço da mentira em escala industrial“, denunciou.

TSE

Na sequência, o presidente agradeceu e reconheceu o trabalho do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). “Quero, aqui, reconhecer e parabenizar a coragem do Tribunal Superior Eleitoral, que soube nos guiar em um dos períodos mais obscuros do nosso País e ajudou a fortalecer a nossa democracia. Assim como em 2002, a esperança venceu o medo e voltamos para fazer mais e melhor”, comunicou sob aplausos.

O relatório que nos foi entregue, vindo dos grupos da transição de governo, nos mostra a destruição das políticas públicas. O desmonte da educação, da saúde, do meio ambiente, estatais e bancos públicos. Esse relatório será enviado a ministros do Judiciário, senadores, deputados, universidades e sindicatos. Todos devem saber o País que iremos herdar após esses tempos obscuros”, adiantou Lula.

Em seguida, Lula adiantou parte dos atos de governo. “Vamos combater a fome e o desemprego, porque nenhuma nação se ergue sobre a fome de seu povo. A partir de hoje volta o portal da transparência e a ordem é para que quem errou responda pelos seus erros. Vamos revogar o decreto de armas porque o povo brasileiro não precisa de arma na mão, o povo brasileiro precisa de livros, de programas de combate à fome, de educação, de saúde, de ambiente saudável”, destacou.

Ditadura e democracia

Uma das mais aplaudidas falas de Lula foi quando exaltou a democracia. “O Brasil é grande demais. Apesar de criticada, a política é o melhor meio para dirimir dúvidas e gerar consensos entre as partes. Não respeitar a política é abrir caminho para a barbárie. É ir em direção à tirania. Vencemos uma fase aguda e obscura e digo: ditadura nunca mais. Democracia para sempre!”, emendou sob aplausos efusivos do Congresso.

Vamos trazer o PAC de volta, fortalecer o BNDES e a Petrobras. Nossa meta é desmatamento zero porque não precisamos avançar sobre os nossos biomas para fortalecer nosso agronegócio, por isso, criei o Ministério dos Povos Originários, porque ninguém conhece mais nossas florestas do que os povos indígenas. A esse povo que estava aqui, desde os primórdios, temos uma dívida histórica e devemos pagar com respeito”, afirmou.

Após a fala dirigida aos indígenas, Lula direcionou para a cultura e o povo negro. “Vamos refundar o Ministério da cultura e da Igualdade Racial. Vou recriar as políticas voltadas para as mulheres, no Ministério das Mulheres. Não é possível aceitar que uma mulher ganhe menos que um homem exercendo a mesma função. Vamos demolir o castelo secular da desigualdade com as mulheres. Isso é cidadania. Porque cidadania é o outro nome da democracia“, falou sob forte aplausos.

Ao final

Caminhando para o encerramento de sua fala, Lula discursou: “Tudo que aqui disse será mantido. Não vamos praticar estelionato eleitoral. Em nosso País, a liberdade religiosa será aplicada para todos. Todos podem praticar sua fé em igrejas, templos e onde mais for possível. Vamos investir no Bolsa Família e outros programas sociais. Não vamos nos ater a uma estupidez chamada teto de gastos“, criticou.

“Também vamos fortalecer aquele [SUS] que é exemplo de políticas públicas de saúde e que poderia ter tido um papel muito maior na pandemia. Nos irmanamos, em solidariedade, aos parentes daqueles que foram vitimados pela Covid-19, por obra de um governo que não usou a experiência das nossas políticas de vacinação aplicadas pelo SUS. O SUS, aliás, será fortalecido e vamos cobrar a responsabilidade pelo genocídio“, finalizou.