ONS estuda paralisar hidrelétrica no Amapá por seca no Norte; termelétricas podem ser ativadas

UHE Santo Antônio do Jari, no Amapá (Reprodução/Cesbe Engenharia)

06 de outubro de 2023

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Mayara Subtil – Da Agência Cenarium Amazônia

BRASÍLIA (DF) – A seca severa que atinge o Norte, associada aos efeitos das mudanças climáticas, pode interromper a operação de uma das hidrelétricas, no Amapá, por falta da vazão de água necessária para gerar eletricidade.

A informação foi confirmada pela AGÊNCIA CENARIUM AMAZÔNIA nesta quinta-feira, 5, junto ao Operador Nacional do Sistema (ONS), responsável pelo monitoramento.

O assunto foi tema de reunião do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) na quarta-feira, 4. Na conversa, também ficou definido que a Secretaria Nacional de Transição Energética e Planejamento vai coordenar estudos para avaliar a resiliência do sistema elétrico dos Estados do Acre, Amapá e Rondônia, frente às mudanças climáticas.

O Amapá conta com quatro usinas: Santo Antônio do Jari, Ferreira Gomes, Cachoeira Caldeirão e Coaracy Nunes. Ainda não foi definido qual delas vem sendo mais afetada pela estiagem severa e pode ser desligada. Apesar do risco, o ONS garantiu que o fornecimento de energia, no Amapá, não será prejudicado.

O ONS ainda confirmou que o Ministério de Minas e Energia solicitou um estudo sobre o acionamento de usinas termelétricas para fornecimento de energia no Acre e em Rondônia. Duas termelétricas estão sendo consideradas: Termonorte 1 e Termonorte 2.

Despachar termelétricas seria necessário porque a usina de Santo Antônio, em Porto Velho, teve sua operação paralisada pelo ONS na segunda-feira, 2, pela baixa vazão de água. O processo é conduzido pelo Ministério de Minas e Energia e pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) em razão das questões regulatórias envolvidas.

Conta de luz

Mesmo com a crise no Norte do País e a possibilidade de acionar usinas mais caras, a conta de luz deve seguir com bandeira verde e sem cobrança extra até dezembro, caso não haja revisão extraordinária, já que a Aneel autorizou reajuste de 44,41% na conta de energia no Amapá. Se os novos valores forem aprovados e entrarem em vigor em dezembro, vai atingir 221,3 mil unidades consumidoras, a maior parte residências.

Diretor-geral da Aneel, Sandoval Feitosa, participa de audiência pública no Senado sobre conta de luz no Amapá (Pedro França/Agência Senado).

A polêmica em torno do reajuste chegou à Comissão de Serviços de Infraestrutura do Senado nesta quinta-feira. O diretor-geral da Aneel, Sandoval Feitosa, participou da audiência e explicou que o aumento foi solicitado pela distribuidora Equatorial Energia, com base no contrato de concessão. Cumpridos os requisitos pela empresa, a Aneel é obrigada a autorizar, segundo ele.

Cabe à Aneel apenas verificar se tudo que foi investido foi declarado, foi realmente feito. Se foi feito, a Aneel é vinculada, ela não tem o que fazer a não ser calcular a remuneração e aplicar o reajuste“, disse o diretor-geral durante a audiência.

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Editado por Jefferson Ramos
Revisado por Adriana Gonzaga