Operação contra garimpo ilegal em RR já destruiu 84 balsas e embarcações e 200 acampamentos

Balsa utilizada pelo garimpo ilegal na TI Yanomami (Ricardo Campos/Ibama)

14 de março de 2023

17:03

Gabriel Abreu – Da Agência Amazônia

BOA VISTA (RR) – A Polícia Federal (PF) divulgou nesta terça-feira, 14, um balanço das ações feitas durante a Operação Libertação, deflagrada pela instituição em conjunto com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Forças Armadas, Força Nacional de Segurança Pública, Funai e Polícia Rodoviária Federal (PRF), que completou um mês de atuação na Reserva Indígena Yanomami na última sexta-feira, 10.

Em 30 dias de operação, foram inutilizadas ou apreendidas 27 toneladas de cassiterita, 11,4 mil litros de combustíveis, 84 balsas e embarcações, duas aeronaves, 200 acampamentos, 172 motores e geradores de energia, equipamentos como maquinários para extração de minérios, motosserra, mercúrio, modens de internet via satélite, celulares, uma tonelada de alimentos, além de armas e munições.

As ações de planejamento e coordenação estão sendo realizadas no Centro de Comando e Controle da Operação Libertação, estruturado na Superintendência Regional da Polícia Federal em Roraima (SRPF-RR), para permitir a atuação e a tomada de decisões, de maneira integrada, dos órgãos envolvidos na ação.

Paralelamente às ações ostensivas na Reserva Yanomami, foram deflagradas pela SRPF-RR as operações Nau dos Quintos, Avis Aurea e BAL, além de tramitarem mais de 40 procedimentos investigativos relacionados ao garimpo ilegal, na região, que já resultaram no bloqueio judicial de R$ 65 milhões.

O Diretor de Meio Ambiente e Amazônia da Polícia Federal, Humberto Freire, destaca que esta operação marca o início da atuação da Damaz, cuja criação evidencia uma das prioridades da Polícia Federal e do Estado brasileiro.

“Estamos atentos às expectativas de que a sociedade brasileira e o mundo têm em relação aos temas relacionados à Amazônia e ao meio ambiente, de maneira geral, e atuaremos de forma a garantir os direitos das populações afetadas, enfrentando a criminalidade organizada com o objetivo de alcançarmos todos os elos da cadeia criminosa da mineração ilegal.”

Área de garimpo ilegal, Rio Uraricoera, TI Yanomami (Roraima). Rogério Assis/ISA, 2018
Área de garimpo ilegal no Rio Uraricoera, TI Yanomami, em Roraima (Rogério Assis/2018/ISA)

Além de pontos de extração ilegal de minério, como ouro e cassiterita, a operação tem como alvo estruturas auxiliares ao garimpo ilegal e à cadeia de logística que sustenta o crime na região. Os agentes visam controlar as principais rotas comerciais e linhas de suprimento por onde entram armas, munições, explosivos e entorpecentes.

“Além do suporte do GRR ao GEF, a PRF tem atuado junto ao Ibama, também, no apoio logístico, empregando aeronaves, viaturas e agentes nas demais ações operacionais do Ibama”, informou a coordenadora da operação, Tatiane Leite.

Crise Humanitária

O avanço do garimpo ilegal na Terra Yanomami provocou uma crise humanitária, sanitária e de saúde no território. Mais de 20 mil garimpeiros invadiram a terra indígena e chegaram a regiões antes intocadas, como Auaris, quase na fronteira com a Venezuela.

O garimpo e a desassistência em saúde indígena no Governo Bolsonaro levaram a uma explosão de casos de malária, desnutrição grave, infecções respiratórias e outras doenças associadas à fome, como diarreia.

Além das ações de emergência em saúde, o Governo Lula deu início à “Operação Libertação“ para combater o garimpo ilegal no território Yanomami. A operação está prevista para durar de seis meses a um ano.