11 de setembro de 2023
21:09
Winicyus Gonçalves – Da Agência Cenarium Amazônia
BOA VISTA (RR) – O Ministério Público do Trabalho (MPT) da 11ª região, que atua em Roraima e no Amazonas, e a Polícia Federal (PF) em Roraima realizam no Estado uma operação nacional contra o trabalho escravo e tráfico de pessoas. Em todo o País, a Operação Resgate III já resgatou 532 trabalhadores em situação de trabalho análogo à escravidão, em 15 Estados.
De acordo com o MPT da 11ª região, a operação teve início em Roraima na última segunda-feira, 4, e deve ser concluída na sexta-feira, 15. O órgão fiscalizador informou ainda que não houve resgates de trabalhadores em condições análogas à escravidão no âmbito da operação em Roraima e que mais informações serão repassadas apenas ao término da operação no Estado porque as fiscalizações serão feitas sob sigilo.
Resgate III
A operação é considerada a maior ação conjunta de combate ao trabalho escravo e tráfico de pessoas no Brasil e é resultado do esforço de seis instituições. Ao todo, foram 222 inspeções em 22 Estados e no Distrito Federal. O Estado com mais pessoas resgatadas foi Minas Gerais (204), seguido de Goiás (126), São Paulo (54), Piauí (42) e Maranhão (42).
Segundo a Polícia Federal, houve, também, resgates no Acre, Bahia, Espírito Santo, Maranhão, Mato Grosso, Pernambuco, Paraná, Rio de Janeiro, Rondônia, Rio Grande do Sul, São Paulo e Tocantins.
Quanto às atividades econômicas com maior número de resgatados estão: cultivo de café (98), cultivo de alho (97) e cultivo de batata e cebola (84). Na área urbana, destacaram-se os resgates em restaurantes (17), oficinas de costura (13) e construção civil (10), além de trabalho doméstico.
Série de reportagens
Uma série de reportagens realizada pela REVISTA CENARIUM, em maio deste ano, denunciou situações de trabalho análogo à escravidão na Amazônia a partir das histórias de carvoeiros de Roraima. A reportagem esteve em carvoarias nos municípios de Boa Vista e Rorainópolis, no interior de Roraima, entre janeiro e março de 2023, e identificou trabalhadores em situações degradantes, sem registros empregatícios, com jornadas de trabalho de até 14 horas diárias.
A CENARIUM constatou que, em alguns locais, não havia estrutura inadequada, com ausência de itens essenciais, como água potável e materiais de segurança; baixa remuneração, que pode chegar a R$ 10 ou R$ 100, por dia; e exposição a condições insalubres, com altas temperaturas, fumaça e sujeira.
O cenário encontrado pela reportagem é similar aos de alvos de operações do MPT em diversos Estados da Amazônia Legal, que já resgataram milhares de trabalhadores escravizados, ao longo das últimas décadas.