PF bloqueia R$ 30 milhões e cumpre mandados em condomínio de luxo em Manaus

Agentes federais estão em um condomínio de luxo na zona Oeste de Manaus. (Divulgação/PF)

22 de junho de 2023

13:06

Marcela Leiros – Da Agência Amazônia

MANAUS – A Polícia Federal (PF), em conjunto com a Receita Federal e o Ministério Público Federal (MPF), deflagrou, em Manaus, na manhã desta quinta-feira, 22, uma operação que investiga empresários por crimes como sonegação fiscal, falsidade ideológica, lavagem de dinheiro e corrupção. A Justiça Federal determinou o bloqueio de R$ 30 milhões dos investigados, e foram cumpridos 16 mandados de busca e apreensão.

“Operação Dente de Marfim” teve início por volta das 5h. Agentes da PF chegaram ao condomínio de luxo Alphaville 1, no bairro Ponta Negra, zona Oeste de Manaus, às 6h. O residencial é conhecido por ter mansões milionárias. Policiais também estiveram na sede da Secretaria Municipal de Limpeza Urbana, na Avenida Brasil, bairro Compensa, zona Oeste da cidade.

A operação teve início por volta das 5h desta quinta-feira, 22 (Divulgação/PF)

Informações obtidas pela AGÊNCIA AMAZÔNIA indicam que a ação policial também esteve em outro condomínio de luxo, no Parque das Laranjeiras, localizado no bairro Flores, zona Centro-Sul de Manaus, também nas primeiras horas da manhã. Nesse local, reside o secretário municipal de limpeza pública, Sabá Reis.

Um empresário do ramo da comunicação residente no Condomínio Ephigênio Salles, bairro Aleixo, na zona Centro-Sul, também foi alvo da Operação Dente de Marfim. A investigação tem como foco contratos firmados entre empresas da área de limpeza pública no período de 2016 a 2021.

O residencial é conhecido por ter mansões milionárias (Divulgação/PF)

Esclarecimentos

Em nota, a Prefeitura de Manaus destaca que apoia as investigações conduzidas pela PF no âmbito da secretaria municipal de limpeza urbana, preza pela total transparência e prestará todas as informações necessárias para a apuração.

Operação Entulho

Na segunda-feira, 20, a PF deu início à “Operação Entulho”, com o objetivo de obter provas relativas aos indícios de que empresas que atuam no ramo de coleta de lixo e limpeza pública comercializaram com empresas de fachadas, consistindo na contabilização de despesas, produzidas a partir de notas fiscais de mercadorias e notas fiscais de serviços “frias”.

O bloqueio de R$ 30 milhões ocorreu nas contas bancárias e ativos financeiros, dentre outros bens de 34 pessoas físicas e jurídicas. Segundo a PF, a ação é resultado de um relatório financeiro da Receita Federal, que apontou indícios de irregularidades ligadas a um escritório de advocacia e contratações públicas.

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Sobre a investigação

A Dente de Marfim foi deflagrada 48 horas após a Operação Entulho, que resultou na prisão de nove pessoas. Entre elas, os donos da empresa Tumpex, Mauro Lúcio Mansur da Silva e Jose Paulo de Azevedo Sodré Neto.

Segundo a PF, uma das linhas da investigação está relacionada à contratação, em 2016, de uma empresa de conservação, construção e pavimentação, durante a gestão de um ex-prefeito, sem a realização de licitação, fato que foi amplamente divulgado na imprensa local e objeto de denúncias aos órgãos de fiscalização.

A investigação apontou que a empresa recebia a maior parte de suas receitas por meio desse contrato, com a emissão de notas fiscais com informações falsas por empresas que prestaram serviços a ela.

A análise dos dados financeiros revela a suspeita de atividades de um escritório de advocacia que recebia altas quantias após o pagamento de valores transferidos pela empresa de conservação, construção e pavimentação.

Por sua vez, constatou-se que as notas emitidas para a empresa possivelmente eram destinadas a um indivíduo identificado pela investigação como empresário e antigo líder de um partido político no Amazonas, que recebeu pagamentos significativos da empresa investigada e de seus sócios.