31 de outubro de 2023
21:10
Daleth Oliveira – Da Agência Cenarium Amazônia
BELÉM (PA) – A Polícia Federal (PF) investiga a morte de Tymbektodem Arara, um líder indígena do Pará que teria sido morto afogado no dia 14 de outubro. O caso ocorreu 16 dias após ele ter denunciado na Organização das Nações Unidas (ONU), em Genebra, a invasão da Terra Indígena (TI) Cachoeira Seca, habitada pela etnia Arara, que fica a 250 quilômetros de Altamira.
Na participação no Conselho de Direitos Humanos da ONU, Tymbek, como era conhecido, fez um apelo pelo respeito à vida e ao território de seu povo.
“Somos um povo de contato inicial, viemos aqui para exigir que se respeite nossa vida e nosso território. Sofremos muitas invasões. A demarcação só ocorreu 30 anos depois do contato com os não indígenas em 2016“, declarou Tymbek na ONU.
A região da Terra Indígena Cachoeira Seca sofre com a extração ilegal de madeira. Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) apontam que entre 2007 e 2022, cerca de 697 quilômetros quadrados (km²) de floresta do território foram desmatados.
Tymbek precisou ser escoltado
De volta ao Brasil, Tymbek e o cacique de sua aldeia, que o acompanhou na ONU, foram escoltados por agentes da Força Nacional, desde que chegaram ao Estado do Pará, até a comunidade em Altamira. Poucos dias depois, Tymbek faleceu.
Por meio de nota, o Ministério da Justiça e Segurança Pública, que coordena a Força Nacional, confirmou a escolta de Tymbek a pedido da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), de 2 a 7 de outubro de 2023.
“As atuações têm caráter consensual e subsidiário, sendo desenvolvidas sob a coordenação e conforme planejamento dos órgãos demandantes. Nesse contexto, é importante frisar que o emprego da Força Nacional na escolta de lideranças indígenas daquela região, dentre essas, do senhor Tymbektodem Arara, ocorreu especificamente no período de 2 a 7 de outubro de 2023, em apoio à Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), sem intercorrências“, diz o comunicado do Ministério da Justiça.