01 de dezembro de 2023
16:12
Ívina Garcia – Da Agência Amazônia
MANAUS (AM) – Na cobrança por pagamentos atrasados, médicos que atuam em unidades de saúde do Amazonas reduziram em 30% os atendimentos, a partir desta sexta-feira, 1º. O protesto é organizado por 15 empresas prestadoras de serviços, que afirmam estar com pagamentos atrasados. Segundo a organização, pelo menos 1.500 profissionais aderiram à redução e aguardam o ressarcimento de serviços prestados em 2021, 2022 e nos meses de agosto, setembro e outubro de 2023.
Segundo os manifestantes, a redução impacta em atendimentos não urgentes da rede ambulatorial nas unidades de saúde do Amazonas, como as consultas e exames agendados. Casos de urgência e emergência não podem ser afetados.
Em ofícios enviados à Secretaria de Saúde (SES-AM), Casa Civil e ao Conselho Regional de Medicina do Amazonas (CRM-AM), os membros dos sindicatos e cooperativas de saúde afirmam que a “situação é caótica”.
“Em vista do exposto, e considerando a ausência de perspectiva clara para mudança de rumos da situação caótica em que se encontra nossa Saúde, COMUNICAMOS A REDUÇÃO TEMPORÁRIA DOS SERVIÇOS não urgentes a partir de 01/12/23, como forma de protesto diante de tamanho descaso”, afirma o documento enviado para as instituições.
No documento, as instituições também pedem por melhoras nas estruturas fornecidas pelo governo do Estado, e alertam para o desabastecimento de equipamentos e insumos na rede pública.
O movimento é composto pelas seguintes organizações:
- Instituto de Traumato Ortopedia (ITO-AM)
- Clínica Neurocirúrgica do Amazonas (CNA)
- Sociedade de Pediatria Clínica (COOAP)
- Sociedade Dos Pediatras (COOPED)
- Instituto Médico de Clínica e Pediatria (IMED)
- Instituto de Cirurgia do Estado do Amazonas (ICEA)
- Anestesiologistas Associados do AM (AAA)
- Cooperativa de Clínica Médica (Cooperclim)
- Cooperativa de Neonatologia (Coopaneo)
- Instituto de Ginecologia e Obstetrícia (Igoam)
- Instituto de Neurocirurgia Endovascular (Neuroendo)
- Eletrofisio
- União Vascular de Serviços Médicos (Univasc)
- Sociedade Amazonense de Patologias Pediátricas (Sapp)
- Cooperativa de Intensivistas (Coopati)
Segundo a diretora da Sociedade de Clínica Médica do Amazonas (Cooperclim), Uildeia Galvao, muitos procedimentos já estavam paralisados devido ao problema. “Já estávamos com redução nos atendimentos por falta de insumos e equipamentos, principalmente para cateterismo em cardíacos e angioplastia do sistema nervoso central, para pacientes com problemas cerebrais”, disse a diretora.
Na manhã desta segunda, um grupo de médicos se reuniu em frente ao Hospital e Pronto Socorro Dr. João Lúcio Pereira Machado, no bairro Coroado, Zona Leste de Manaus, para alertar que não apenas a classe médica estava se mobilizando. “Temos maqueiros, pessoal da limpeza e enfermeiros que também estão com os pagamentos atrasados. A população não ficará desassistida nas urgências e emergências, mas os atendimentos ambulatoriais estão reduzidos”, ressaltou Uildeia.
Diálogo
Por meio de nota, a Secretaria de Saúde do Amazonas (SES-AM) informou que está estabelecendo o diálogo com as cooperativas para resolver a questão dos pagamentos o mais breve possível. A nota reforça que os serviços de urgência e emergência estão normalizados.
Demandas
O Conselho Regional de Medicina do Estado do Amazonas (Cremam) afirmou que, no último dia 21, recebeu representantes das empresas médicas do Amazonas para ouvir as demandas, incluindo o atraso no pagamento dos médicos prestadores de serviços ao Estado.
O conselho afirma que, desde então, foi formada uma comissão para colaborar com as especialidades médicas, e intermediar o contato com as autoridades competentes. “Ressaltamos também que, diante das atribuições legais desta autarquia, nossa colaboração é no sentido de assegurar a dignidade profissional e o desempenho ético da medicina e evitar que a situação afete o atendimento à população”, pontuou a instituição, em nota.
Editado por: Yana Lima
Revisõa por: Gustavo Gilona