21 de janeiro de 2022
10:01
Marcela Leiros – Da Revista Cenarium
MANAUS – Apesar de representarem marcos importantes na história do Amazonas, as praças históricas têm sofrido com o descaso da administração pública municipal. Lugares como a Praça da Saudade e a Praça dos Remédios, no Centro da capital amazonense, sobrevivem ao tempo, mas ”definham” com a falta de manutenção, limpeza e até mesmo vandalismo. Enquanto isso, outras praças, localizadas em áreas nobres de Manaus, recebem atenção especial das secretarias municipais.
É o caso da recém-nomeada Praça dos Advogados Dr. Alberto Simonetti Cabral Filho, na avenida Guilherme Paraense, zona Centro-Sul de Manaus. O espaço tem recebido, desde o ano passado, serviços de capinação, podagem e varrição da Secretaria Municipal de Limpeza Urbana (Semulsp). Neste mês, a Prefeitura de Manaus instalou o monumento “Uma revoada de borboletas”, do artista Rossy Amoedo no local.
A região é conhecida por ser uma área residencial de alto padrão na cidade. Segundo entidades e associações de corretores de Manaus, o bairro Adrianópolis apresenta um dos projetos de urbanização mais completos da capital, composto por ruas arborizadas, calçadas largas e uma ótima infraestrutura. Vale mencionar, ainda, que no bairro existem unidades das mais famosas redes de hoteleiras do País, além de um dos shoppings mais movimentados da capital e agências bancárias, supermercados, escolas e todo o tipo de comércio.
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A praça é uma homenagem póstuma a um magistrado que foi por quatro vezes presidente da Ordem dos Advogados do Brasil – Seção Amazonas (OAB-AM) e atuou como defensor público do Estado. A CENARIUM questionou a Semulsp sobre o valor empregado na estrutura artística, mas não obteve retorno até a publicação desta matéria.
Do outro lado da cidade, no Centro Histórico, a Praça 5 de Setembro, conhecida como Praça da Saudade, se tornou uma área quase abandonada. Inaugurada em 1865, esse ponto turístico de Manaus virou alvo de pichações. Os bancos e os quiosques da praça, entregues em perfeitas condições quando a mesma foi revitalizada e reinaugurada em 2010, estão enferrujados e tombam com a má conservação da estrutura. Até mesmo um barraco onde uma família residia foi instalado irregularmente no local, mas retirado logo depois.
Já a Praça dos Remédios, localizada em frente à igreja que leva o mesmo nome e em uma das portas de entrada da cidade, entregue revitalizada em 2014 pelo Governo do Amazonas, se tornou moradia para pessoas em situação de rua. No local, a CENARIUM constatou que até mesmo o almoço dessas pessoas é feito no local com uma fogueira.
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Falta de resposta
A CENARIUM contatou a administração pública para saber quem é o responsável pelos locais, mas, até o fechamento desta reportagem, não obteve retorno. Dos órgãos contatados — Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semmas), Secretaria Municipal de Infraestrutura (Seminf), Secretaria Municipal de Limpeza Urbana (Semulsp), Instituto Municipal de Planejamento Urbano (Implurb) e até mesmo a Secretaria Municipal de Comunicação (Semcom) — apenas o Implurb e a Seminf responderam.
O primeiro afirmou que a gestão da Praça da Saudade não é de sua competência e o segundo encaminhou a demanda à Semcom.