Psicologia e o exercício da profissão em meio à pandemia

Psicólogas falam sobre as dificuldades impostas pela pandemia (Reprodução)

28 de agosto de 2021

07:08

Suzy Figueiredo – Da Cenarium

MANAUS (AM) – Comemorado no dia 27 de agosto, o Dia do Psicólogo homenageia ele que é um dos profissionais mais procurados em época de pandemia, responsável pelo estudo e comportamento humano. O psicólogo, assim como qualquer outro profissional, tem sua importância no exercício do ofício. Enquanto que para alguns pacientes, o atendimento psicológico não é encarado como algo natural, para os especialistas da saúde mental é sempre uma profissão desafiadora e de constante aprendizado.

“A singularidade do trabalho do psicólogo consiste em embarcar numa relação com o outro, por intermédio de uma escuta cautelosa, e estar atento às transformações que ampliam reflexões e descobrem novos caminhos. O que aprendemos do outro nesse momento é uma pequena parte de um acontecer cheio de sentimentos, emoções, ideias e percepções que estão para além da linguagem”, comentou a psicóloga Janaína Dias, ao afirmar que lidar com questões sutis e reais são visões desafiadoras.

Para a especialista, o psicólogo também precisa de motivação e persistência para continuar promovendo a saúde mental e o bem-estar para os pacientes.

Reflexos do momento pandêmico

Sintomas como ansiedade, depressão e pânico são as situações mais comuns, segundo os especialistas.  A falta do contato físico advinda do isolamento social tem provocado uma série de transtornos comprometendo a saúde mental e até mesmo física de qualquer pessoa independente de faixa etária e gênero.

O luto e o desemprego são outros fatores que frequentemente estão comprometendo o emocional das pessoas em período de pandemia, segundo a doutoranda em Psicologia Amanda Tundis. “As pessoas têm passado, geralmente, por angústias, sofrimento pelo desemprego, luto por parentes e amigos. Isso tudo tem gerado isolamento, desenvolvimento ou reencontro com os diversos tipos de vícios, transtornos compulsivos, abuso do uso de álcool e outras drogas. Buscar o equilíbrio emocional frente à pandemia tem sido um desafio para muitos indivíduos”.

Tundis avalia que diagnósticos anteriores que eram considerados estáveis acabaram desencadeando novos casos de crises de depressão, ansiedade e pânico. “Outros pacientes que não tinham diagnóstico anterior como o confinamento, separações conjugais, morte, entre outros, passaram a apresentar sintomas e precisaram buscar ajuda profissional para administrar suas dores emocionais”, relatou.

O primeiro passo para enfrentar problemas de depressão ou ansiedade, por exemplo, é reconhecer que a pessoa precisa de ajuda. Em seguida, buscar ajuda profissional e consequentemente reinventar o dia a dia. “Cercar-se de uma boa equipe multidisciplinar para acompanhar seu processo de melhora é primordial. O conceito de qualidade de vida é bem particular. O que é bom para um pode não ser para o outro”, completou Tundis.

Sequelas do vírus

“Estamos precisando lidar com os altos índices de ansiedade, depressão e pânico. Assim sendo, as sequelas da Covid-19, no final das contas, têm demostrado grande vigor quando o assunto é evocar, no imaginário e na vida psicológica das pessoas, reações emocionais impactantes e, o pior, para muitos, expondo as dificuldades de se lidar com o estresse”, avaliou Dias.

O próprio vírus pode ocasionar sequelas após o contágio. Tundis ressalta que o medo e o pânico de adquirir uma doença já é algo desafiador. “Administrar nossas tragédias e ainda administrar as questões sociais, políticas e econômicas que temos passado ainda é difícil. O novo é assustador para algumas pessoas e lidar com ele mais difícil ainda. Algumas pesquisas apontam que o Covid-19 tem afetado a memória, e até mesmo provocado rituais obsessivos compulsivos, e a ansiedade generalizada”, salientou.

Atendimento virtual

Diante desse cenário pandêmico, a busca pelo atendimento psicológico tem crescido significativamente e a partir da pandemia outras alternativas surgiram. Antes o paciente precisava se deslocar até o consultório, o “antigo” modo presencial. Agora, a disponibilidade do atendimento a distância vem proporcionando comodidade e inovação.

“Ir a uma terapia ou receber este atendimento online era tido como um tabu, mas a crise do confinamento, o medo, os lutos fizeram muitas pessoas dedicarem uma nova visão sobre os conceitos da saúde mental e autocuidado”, explicou Amanda Tundis.