20 de janeiro de 2023
13:01
Daniel Amorim – Da Agência Amazônia
MANAUS – No Brasil, o dia 20 de janeiro marca a celebração do sincretismo em homenagem a São Sebastião, padroeiro dos enfermos na tradição Católica, e de Oxóssi, entidade guerreira associada ao conhecimento e às florestas.
O pai Otto de Oxum explica que o sincretismo entre o mártir católico e o orixá surgiu por conta de uma característica em comum.
“Há uma fácil correlação, pois se trata de guerreiros, na tradição católica e na religião de matriz africana. Situação parecida ocorre na relação entre Ogum e São Jorge. Em algumas casas de santo, o Dia de São Sebastião é comemorado com o hasteamento de um mastro com frutas e verduras, elementos associados a Oxóssi e aos caboclos“, explica.
De acordo com Otto, a recente transição, a nível nacional, para um governo aberto ao diálogo e às diferenças reveste a celebração deste ano de um significado específico.
“Simboliza esperança por dias melhores, porque foi uma mudança que deve fortalecer aquilo que já conseguimos. Que possamos potencializar a fé. Oxóssi é o caçador da flecha que favorece. São Sebastião é guerreiro, defensor e protetor“.
Desobediência e fé
São Sebastião nasceu em Narbona, na França, no ano de 256 da Era Cristã. Tornou-se soldado do imperador Maximiamo ao mudar-se para Milão, na Itália, onde assumiu o cargo de comandante da Guarda Pretoriana. Professava o cristianismo em segredo e auxiliava os cristãos presos, além de doentes e necessitados.
Após denúncia de um soldado, o líder do império romano determinou que Sebastião renunciasse à fé. O soldado recusou. Maximiniano, então, condenou-o à morte para desestimular atos de desobediência. Sebastião foi despido, amarrado a um posto no estádio de Palatino. Em seguida, arqueiros dispararam flechas contra o corpo do prisioneiro. Ele foi deixado para sangrar até morrer.
Um grupo de cristãos resgatou o corpo do mártir, que ainda respirava. Uma mulher do grupo escondeu Sebastião em sua casa e cuidou dos ferimentos. Recuperado, ele empenhou-se na divulgação do Evangelho e pediu a Maximiniano que parasse de matar os cristãos. O imperador então determinou que o ex-soldado fosse açoitado até a morte e seu cadáver lançado numa fossa.
Em Manaus, uma celebração em homenagem ao santo foi realizada na noite de quinta-feira, 19, na Paróquia São Sebastião, localizada no Centro Histórico. Adeptos de cultos afro-brasileiros também participaram do evento.