Seca no AM: SGB aponta ‘normalidade’ após nível do Rio Negro voltar a descer

Balsa encalhada no Rio Negro, em Manaus. (17.out.23 - Ricardo Oliveira/Revista Cenarium Amazônia)

08 de novembro de 2023

14:11

Marcela Leiros – Da Agência Amazônia

MANAUS (AM) – O Rio Negro voltou a secar nesta quarta-feira, 8, após o nível ter subido 52 centímetros desde o último dia 28 de outubro. Segundo dados são do Porto de Manaus, que faz a medição, o Rio Negro desceu mais dois centímetros. O Serviço Geológico do Brasil (SGB) aponta que oscilações nos níveis durante fase final da vazante são consideradas “normais”.

O nível do rio desceu de forma crescente durante quase todo o mês de outubro, chegando ao menor nível da história, de 12,70 metros, em 26 de outubro. Depois, começou a subir vertiginosamente até essa terça-feira, 7, atingindo 13,22 metros.

Na fase de final de vazante, esse comportamento pode acontecer, no sentido de subidas e depois voltar a descer. O volume de água que está chegando no Rio Negro na estação de Manaus é resultado das contribuições da região de cabeceira (como é o caso do Alto Solimões) de duas semanas anteriores, que na ocasião estavam apresentando descidas“, explicou à reportagem a pesquisadora em geociências do SGB, Jussara Cury.

A pesquisadora pontua ainda que, no momento, a estação de Tabatinga, no Alto Solimões, registrou uma subida de nível de 8 cm e, se essa elevação se consolidar, haverá a recuperação do nível do rio também no restante da calha, que é um contribuinte do Rio Negro, em Manaus. Jussara Cury acrescenta a previsão climatológica indica chuvas nos próximos dias, o que poderá contribuir para a subida dos rios.

Essas elevações de nível do rio estão relacionadas às precipitações na região, segundo os boletins climáticos, nesta semana há previsão de chuva na região dos Andes e na semana seguinte há previsão de chuva em toda a bacia, assim, há uma tendência dos rios da bacia voltarem a subir nas próximas semanas“, conclui.

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Dentro da previsão

Conforme mostrou a REVISTA CENARIUM AMAZÔNIAa subida dos rios no Amazonas deveria ocorrer só em novembro. Por isso, é possível que a mudança no nível seja reflexo de um fenômeno conhecido como repiquete, ou seja, um “efeito sanfona”, quando um rio chega ao seu limite e estabiliza, mas chuvas isoladas fazem com que o nível do mesmo volte a subir e, depois, descer.

Apesar do Rio Negro ter mantido processo de subida em Manaus, em São Gabriel da Cachoeira, no Alto Rio Negro, foi registrada descida de 14 cm no início da semana, chegando à cota de 5,20 metros, apontou o SGB. “Nessa estação, as mínimas históricas tendem a ocorrer em fevereiro, ou seja, a tendência é de descida nos níveis”, disse o órgão, baseado no 48º Boletim de Monitoramento Hidrológico.

Em Tabatinga, no Alto do Rio Solimões, foi também registrada redução de 12 centímetros no nível. O Rio Solimões, em Manacapuru, também apresentou oscilações, com cota de 3,54 metros. O Rio Amazonas também apresentou descidas em Itacoatiara, Óbidos e Santarém. Em Parintins, foram registradas subidas mais recentes, e o rio alcançou a cota de -2,11 metros.

Emergência

Atualmente, todos os 62 municípios amazonenses estão em situação de emergência. Segundo dados da Defesa Civil, o Estado tem 598 mil pessoas afetadas até o momento pela seca severa, ou 150 mil famílias. O Comitê foi instituído no dia 29 de setembro pelo governador Wilson Lima. O governador também anunciou medidas para reforçar as ações do Governo, que já estão em andamento, por meio da operação Estiagem 2023.

Edição: Eduardo Figueiredo

Revisão: Gustavo Gilona