24 de abril de 2024

15:04

Davi Vittorazzi — Da Agência Cenarium

CUIABÁ (MT) — O torcedor Marcos Aurélio de Figueiredo, de 61 anos, que foi flagrado chamando o árbitro Pedro Henrique Pio de macaco durante uma partida entre Mixto Esporte Clube e o Bahia, pelo Campeonato Brasileiro Feminino A2, está sendo investigado pela Polícia Civil. O jogo ocorreu no último domingo, 21, no Estádio Dutrinha, na capital, mas o torcedor só foi identificado pelo clube na segunda-feira, 22.

Segundo a Polícia Civil, com o inquérito instaurado, o árbitro já foi intimado para prestar depoimento e o homem flagrado no vídeo também será intimado. Conforme o delegado titular da Delegacia do Torcedor, Rogério Ferreira, o caso está sendo investigado como injúria racial, que de acordo com a atualização da lei, é equiparado ao crime de racismo.

Nas imagens registradas por outros torcedores, é possível ver o momento em que o torcedor faz as ofensas ao árbitro. Marcos Aurélio de Figueiredo foi contatado e informou que estava embriagado durante o jogo. Após a partida, o árbitro relatou as ofensas na súmula do jogo e registrou um Boletim de Ocorrência (B.O).

Veja abaixo:

No boletim de ocorrência, o árbitro afirma que recebeu o vídeo por WhatsApp, pelo irmão, Rodrigo Pio (árbitro FMF/MT). “No intervalo do jogo, que enquanto a equipe de arbitragem se deslocava para o vestiário, um torcedor com a camiseta da equipe do Mixto Esporte Clube, no local destinado à torcida do Mixto, proferiu vociferando as seguintes palavras de cunho racista em direção ao árbitro da partida Sr. Pedro Henrique Pio de Jesus: ‘seu macaco, seu macaco desgraçado, seu macaco’“, descreve no documento.

Por nota, o clube mato-grossense lamento o episódio e informou que está dando todo o suporte ao juiz de futebol, Pedro Henrique. “Temos certeza que a grande torcida do Mixto se associa ao clube nesse combate ao racismo. Defendemos a punição exemplar desse torcedor. Pedro Henrique Pio, esta luta também é nossa e você não está sozinho“, diz trecho da nota.

Também por nota, a Federação Mato-grossense de Futebol informou que procurou outras instâncias para punir o torcedor. “Informamos também que a súmula, o vídeo e também o boletim de ocorrência já foram enviados para Confederação Brasileira de Futebol e Superior Tribunal de Justiça Desportiva“, explica.

O crime de e injúria racial é previsto quando uma pessoa é atingida em sua dignidade com base em elementos referentes a sua raça, cor, religião ou origem. Desde janeiro de 2023, com a sanção da Lei 14.532, a prática de injúria racial passou a ser equiparado ao crime de racismo.

Nessa situação, o crime é inafiançável (não se pode pagar fiança) e a injúria racial/racismo se tornou imprescritível. A pena pode variar de 2 a 5 anos de prisão.

Editado por Marcela Leiros

Leia mais: Mudanças climáticas: Mato Grosso amplia prazos de proibição nos três biomas