‘Traço de misoginia’, revela delegada sobre aluno que cometeu ataque em escola de Manaus

Foram identificadas anotações nos cadernos do adolescente, “incompatíveis com a idade dele”, e falas de que não gosta de mulheres (Divulgação/PC-AM)

11 de abril de 2023

18:04

Gabriel Abreu – Da Agência Amazônia

MANAUS – A Polícia Civil do Amazonas (PC-AM) deu mais detalhes nesta terça-feira, 11, da ação que apreendeu um adolescente de 12 anos, do Colégio Adventista de Manaus, escola particular localizada na rua Professor Marciano Armond, bairro Cachoeirinha, Zona Sul da capital amazonense. As investigações apontam que o adolescente tem indício de misoginia, pois foram identificadas anotações nos cadernos do adolescente “incompatíveis com a idade dele” e falas de que não gosta de mulheres.

O adolescente feriu três pessoas, sendo dois alunos e uma professora da unidade. Durante coletiva, a delegada titular da Delegacia Especializada em Apuração em Atos Infracionais (DEAAI), Juliana Tuma, afirmou que, em depoimento, o menor disse não estar arrependido do ocorrido e contou com detalhes como planejou o ataque à unidade de ensino. O menor está apreendido na DEAAI e vai responder por terrorismo, lesão corporal dolosa e ameaça.

“Ele não demonstrou arrependimento. Ele conta, com riqueza de detalhes, que ele já planejava isso há algum tempo, que ele já pesquisava, desde que tinha 10, 11 anos. Segundo ele, [ele] não conseguiu atingir mais vítimas quanto ele gostaria. Então, esse adolescente também já pesquisava na internet como fazer isso, e que estratégia ele iria usar. Ele teria contato com outras pessoas para ter o preparo para isso, e mais ainda, ele dizia que a preocupação dele era saber que todos estão sabendo da glorificação dele”, afirmou a delegada.

Juliana Tuma afirmou ainda que o celular do menor foi apreendido e passará por perícia técnica. Já no caderno, as anotações apontam que o adolescente tem indício de misoginia.

Esse comportamento que a gente identifica não são compatíveis com a idade de 12 anos. No caderno dele há desenho de armas de fogo. Fala muito que não gosta de mulheres. Ele descreve aversão às mulheres. Então assim, no primeiro olhar, eu acho que isso não é só responsabilidade dos pais, a gente precisa, cada um de nós, chamar para nós a responsabilidade também, escola, sociedade, pais, mas no que consiste a parte familiar, eu acho que, no primeiro olhar, a gente conseguiria identificar o que tinha acontecido”, afirmou a delegada.

Estiveram envolvidos em ação conjunta, durante a operação, as equipes da Secretaria de Segurança Pública do Amazonas (SSP-AM), Polícia Militar do Amazonas (PM-AM), Corpo de Bombeiros Militar do Amazonas (CBMAM) e Polícia Civil do Amazonas (PC-AM).

“Nesse período, a gente pede que redobrem os cuidados. E nós temos aí também o disque denúncia da Secretaria de Segurança, que é o 181. Nós já estamos recebendo informações, todas as informações estão sendo checadas pela Polícia Civil e pela Polícia Militar. Estamos trabalhando de maneira integrada, de uma maneira que a gente troque informações mais rápidas, tanto é assim que nós, ontem, tivemos uma ação bem cirúrgica”, explicou o delegado adjunto da PC, Guilherme Torres.

Sobre o atentado

O Colégio Adventista de Manaus, escola particular localizada na rua Professor Marciano Armond, bairro Cachoeirinha, Zona Sul de Manaus, foi alvo de um ataque, nessa segunda-feira, 10. Em comunicado, a escola informou que um “aluno agrediu outros dois estudantes em sala de aula (… ). As vítimas sofreram lesões superficiais e foram atendidas e liberadas pelo Samu no local”.

O instituto também afirmou que está ofertando suporte aos estudantes e familiares. No momento da ocorrência, estiveram no local, além do Atendimento Móvel de Urgência (Samu), o Conselho Tutelar, Polícia Militar (PM) e Ronda Ostensiva com Apoio de Motocicletas (Rocam). O aluno foi apreendido e encaminhado para a Delegacia Especializada em Apuração de Atos Infracionais (DEAAI), onde será ouvido, junto com os familiares.

REVISTA CENARIUM tentou ouvir a coordenação do Colégio Adventista, via celular, mas até a publicação desta matéria não conseguiu contato.

Ataque ocorreu no início da tarde desta segunda-feira, 10 (Ricardo Oliveira/Agência Amazônia)

Medidas

Ainda na segunda-feira, 10, o Governo do Amazonas realizou uma coletiva para anunciar a criação de um comitê interativo que irá reunir secretarias de Estado para o enfrentamento à violência nas escolas. O anúncio aconteceu no Centro Integrado de Comando e Controle (CICC). Na ocasião, a secretária de educação do Estado, Kuka Chaves, declarou sobre a violência: “Temos que enfrentar com coragem”.

Governo do Estado também anunciou outra ferramenta de apoio para o combate à violência nas escolas. Trata-se de um “disk denúncia” ancorado na rede social WhatsApp, cujo número é: 99414-0480. “Temos que ter a percepção, porque, uma vez ocorrido, não temos como reverter, por isso, peço aos pais que fiquem atentos às atividades diárias de seus filhos, porque, por meio de um desenho no caderno, podemos ter indícios de algo que não está bem”, observou a secretária de educação.

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Secretários anunciam a criação do Comitê Interinstitucional e o lançamento do Disk Denúncia do Núcleo de Inteligência e Segurança Escolar (Nise) (Mencius Melo/Agência Amazônia)