UFPA usa fruta ‘rainha da vitamina C’ em projeto de restauração de floresta no Sudoeste do Pará

Camu-camu possui 20 vezes mais vitamina C do que a acerola (Divulgação)

21 de outubro de 2023

14:10

Daleth Oliveira – Da Agência Cenarium Amazônia

BELÉM (PA) – Uma fruta amazônica, rica em vitamina C, está desempenhando um papel fundamental em um projeto de restauração de florestas no sudoeste do Pará. Trata-se do camu-camu (Myrciaria dubia), um fruto com casca roxa, opaca e espessa.

Segundo a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o camu-camu contém 20 vezes mais vitamina C do que a acerola, com um teor de vitamina C de 2,7g a cada 100g de polpa, equivalendo a quase 40 vezes o teor de vitamina C da polpa de laranja ou 60 vezes o suco de limão.

Apesar de seu alto valor nutricional, o camu-camu ainda é pouco conhecido no Brasil. No entanto, essa realidade pode mudar à medida que mudas de camucamuzeiro estão contribuindo para a restauração de áreas na região amazônica do Médio Xingu.

Isso faz parte de um projeto de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) da Universidade Federal do Pará (UFPA). Nele, pesquisadores investigam técnicas aprimoradas para a coleta de sementes, produção de mudas e plantio de várias espécies, incluindo o camu-camu.

Apesar do alto valor nutritivo, o camu-camu ainda é pouco conhecido pelos brasileiros (Divulgação)

Durante a execução do estudo, cerca de 45 mil mudas de aproximadamente 35 espécies nativas da região amazônica foram manejadas e replantadas, restaurando até o momento uma área de 80 hectares, equivalente a 112 campos de futebol. Algumas mudas foram doadas para comunidades locais envolvidas no projeto e a Secretaria de Meio Ambiente de Vitória do Xingu (PA).

Sementes

O projeto ocorre em 12 regiões ao longo da Volta Grande do Xingu. Iniciado em abril de 2021, o programa já permitiu a coleta de aproximadamente uma tonelada de sementes de diversas espécies por moradores locais.

Mudas de camu-camu são cuidadas por pesquisadores (Carolina Dumont)

O professor Emil José Hernandez, doutor e coordenador do curso de Biologia da UFPA, destacou que o projeto é uma oportunidade de combinar ciência, tecnologia e formação de recursos humanos para atender às necessidades das comunidades locais.

Em qualquer parte do mundo a pesquisa é um norteador de conhecimento, mas também de tecnologia. Quando unimos projetos de ciência e tecnologia e podemos contribuir para a capacitação de moradores da comunidade local, além resultados técnicos, também conseguimos gerar o que a comunidade precisa a curto prazo. O projeto permitiu formar capital humano e atender as necessidades das comunidades”, concluiu Hernandez.

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Editado por Jefferson Ramos