24 de maio de 2023

17:05

Iury Lima – Da Revista Cenarium

VILHENA (RO) – O Diretório Central dos Estudantes da Universidade Federal de Rondônia (DCE/Unir) denunciou, nesta terça-feira, 23, comentários preconceituosos e humilhantes feitos por um professor do curso de Letras da Universidade Federal de Rondônia (Unir), a um estudante indígena da etnia Guarasugwe.

O motivo das agressões verbais seria uma nota baixa detectada durante a correção de provas dentro da sala de aula. Além de expor a nota do aluno a todos os presentes na turma, o professor se referiu a ele como exemplo do que “não fazer”. 

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Segundo denúncias, o docente perguntou também sobre como o estudante mataria uma pessoa. Se utilizaria arma branca ou paulada, fazendo referências às origens indígenas do rapaz. Para o diretório, a postura dele reforçou estereótipos que classificam os indígenas como selvagens, primitivos e agressivos.

Hipocrisia e repúdio

Em nota de repúdio, o DCE também expôs que o professor assinou um artigo sobre a etnia do aluno humilhado por ele, mas que, de acordo com as próprias lideranças Guarasugwe, ele sequer pisou os pés na comunidade.

“É de praxe que muitos pesquisadores/cientistas se aproveitem dos povos indígenas para escrever milhares de artigos científicos, publicação de livros, trabalhos acadêmicos, para engordar o lattes, desfrutando das pautas dos povos originários, mas sem dar nenhum retorno, apoio ou solidariedade a esses povos”, publicou o diretório de acadêmicos da Unir.

“O DCE da Unir repudia com veemência qualquer tipo de assédio, discriminação e/ou preconceito dentro e fora de nossa instituição de ensino (…) A comunidade acadêmica da Unir se solidariza com a dor do estudante indígena assediado e reforça que o DCE (entidade máxima de representação estudantil na Unir) está aberto para receber qualquer denúncia dos estudantes assediados em espaço acadêmico”, finalizou o DCE. 

Sem posicionamentos

Organizações indígenas da região afirmam que o estudante abandonou a disciplina do professor autor dos ataques e que, além disso, planeja desistir da graduação. A identidade do estudante não foi revelada em respeito a ele e ao povo Guarasugwe. O nome do professor também não foi divulgado.

A REVISTA CENARIUM questionou a Universidade Federal de Rondônia sobre o episódio, bem como quais providências a instituição deve tomar contra o professor apontado na denúncia, mas não houve retorno em nenhum dos canais de comunicação da Unir até a publicação desta reportagem.